Astrônomos estão acostumados a analisar objetos espaciais de milhões ou bilhões de anos, portanto, encontrar estrelas de menos de 300 anos de formação é um evento raríssimo. A recém-descoberta estrela de nêutron Swift J1818.0-1607 é notável por ter apenas 240 anos. Ou seja, é como se fosse um bebê cósmico.
Artigo publicado na revista Astrophysical Journal Letters detalha como o jovem objeto chamou atenção de pesquisadores do Observatório Neil Gehrels Swift no dia 12 de março de 2020, quando foi registrada uma explosão de raios X dez vezes mais intensa que o normal. O observatório XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia, e o telescópio NuSTAR da NASA, também contribuíram no estudo do objeto, e conseguiram estimar a idade dele.
A Swift J1818.0-1607 fica na constelação de Sagitário e está relativamente perto da Terra, a apenas 16 mil anos-luz de distância de nós. Apesar de estarmos vendo a estrela como uma jovenzinha de 240 anos, a luz foi emitida por ela há 16 mil anos, e passou todo esse tempo viajando até aqui.
Essa estrelinha é especial porque além de ser uma estrela de nêutron, ela também é uma magnetar. As estrelas de nêutron são o núcleo colapsado de uma grande estrela, e têm a maior densidade entre todos os tipos de estrelas. O único objeto mais denso que elas no universo é o buraco negro. Para melhor dimensionar toda essa densidade, se fosse possível pegar uma mísera colher de chá desse material, sua massa seria equivalente a 3,6 toneladas aqui na Terra.
Agora, uma magnetar é ainda mais impressionante porque tem valor de campo magnético dezenas de vezes maior que o das estrelas de nêutron normais. Os magnetars são os objetos mais magnéticos do universo. Elas costumam ter cerca de 15 km de diâmetro e alta emissão de raios X e raios gama.
Até hoje, apenas 31 magnetar foram encontradas, incluindo a Swift J1818.0-1607. Aparentemente ela é a mais jovem de todas e traz informações valiosas sobre sua formação. “Esse objeto está nos mostrando o tempo de vida de uma magnetar mais anterior que já vimos até agora, muito pouco depois de sua formação”, diz Nanda Rea, principal investigadora das campanhas de observação de XMM Newton e NuSTAR. Vários modelos científicos sugerem que magnetars são mais ativas quando jovens.
Como os átomos de uma estrela de nêutron são tão compactos, eles se comportam de forma que não pode ser observada em nenhum outro ambiente, muito menos na Terra. Por isso elas são consideradas “laboratórios naturais” para testar nossos conhecimentos sobre física.
O autor principal desse trabalho foi Paolo Esposito, pesquisador da Escola de Estudos Avançados (IUSS), na Itália.
// HypeScience