Cientistas cidadãos que fazem parte do projeto Backyard Worlds: Planet 9 ajudam astrônomos profissionais na busca pelo hipotético Planeta 9, que existiria nos confins do Sistema Solar e seria o responsável por influenciar a órbita de pequenos objetos no Cinturão de Kuiper. E, em meio a essa busca, eles acabaram encontrando cerca de 100 anãs marrons próximas do nosso Sol.
Anãs marrons são objetos espaciais mais massivos do que planetas e mais leves do que estrelas, sendo chamados também de “estrelas fracassadas”. Assim, com auxílio do observatório W. M. Keck Observatory, no Havaí, o time de pesquisadores descobriu que alguns desses mundos estão entre os mais frios que conhecemos, e que outros têm temperaturas próximas às do nosso planeta. Adam Burgasser, professor de física e co-autor do estudo, se reuniu a pesquisadores do Cool Star Lab para o estudo.
Eles utilizaram o instrumento Near-Infrared Echellette Spectrometer – ou NIRES – do Keck Observatory para buscar as anãs marrons mais difíceis de serem observadas. “Utilizamos o espectro do NIRES para medir a temperatura e os gases presentes nas atmosferas. Cada espectro é uma ‘impressão digital’ que nos permite diferenciar uma anã marrom fria de outros tipos de estrelas”, explica ele.
Outras análises foram feitas usando dados obtidos por observatórios como o telescópio espacial Spitzer, da NASA, o Mont Megantic Observatory e o Las Campanas Observatory.
Entretanto, encontrar os vizinhos mais próximos e gelados do nosso Sol foi uma tarefa que exigiu colaboração mundial: astrônomos e voluntários do Backyard Worlds trabalharam em uma grande rede colaborativa com mais de 100.000 cientistas cidadãos para analisar trilhões de pixels de imagens de telescópios.
Assim, eles conseguiram encontrar as anãs marrons próximas do Sol. “Felizmente, o portal aberto e acessível do Astro Data Lab permitiu que cientistas cidadãos do Backyard Worlds estudassem facilmente catálogos massivos em busca de candidatas a anãs marrons”, explica Aaron Meisner, principal autor do estudo. Para ele, essas descobertas mostram que o público pode ter papel importante para reformular o entendimento científico da nossa vizinhança solar.
A descoberta do Backyard Worlds preenche uma possível lacuna presente nas anãs de baixa temperatura, e pode ser o elo que faltava para as anãs marrons.
“Esses mundos frios oferecem a oportunidade para novas ideias sobre a formação e as atmosferas de planetas além do sistema solar”, diz Meisner.
De acordo com ele, essas anãs marrons também permitem que eles estimem quantos outros mundos existem no espaço interestelar próximo do Sol. Os resultados do estudo serão publicados na edição de 20 de agosto da revista Astrophysical Journal, mas já se encontra disponível em versão preliminar, de modo que ainda passará pela revisão por pares antes que sua publicação oficial seja aprovada.
// Canaltech