Desde início dos registros do serviço europeu Copernicus, em 1979, nenhum mês de novembro foi tão quente no mundo quanto o de 2020.
O último mês de novembro foi o mais quente já registrado no mundo, afirmou nesta segunda-feira (07/12) o serviço de monitoramento por satélite da União Europeia (UE), o Copernicus Climate Change Service (C3S), iniciado em 1979.
As análises do monitoramento das temperaturas da superfície e do ar indicaram que o mês de novembro de 2020 foi 0,8 grau Celsius mais quente do que a média de 30 anos registrada entre 1981 e 2010, além de 0,1 grau Celsius mais quente do que o recorde anterior, estabelecido em novembro de 2016.
Na Europa, a temperatura foi 0,2 grau mais elevada do que em novembro de 2015, que até agora era o recorde de calor no 11º mês do ano. Em comparação com a à média dos meses de novembro do período 1981-2010, a temperatura na Europa foi 2,2 graus superior.
Além disso, o serviço de monitoramento Copernicus apresentou um dado ainda mais significativo quando analisado todo o outono boreal: entre setembro e novembro, as temperaturas na Europa foram 1,9 grau Celsius acima do período de referência e 0,4 grau Celsius acima da temperatura média registrada em 2006, que apresentava o até então mais quente outono boreal já registrado.
“Esses registros são consistentes com a tendência de aquecimento de longo prazo do clima global”, disse o diretor do C3S, Carlos Buontempo. “Os formadores de políticas que priorizam a mitigação de riscos climáticos devem ver esses registros como sinais de alarme e considerar mais seriamente do que nunca a melhor forma de cumprir os compromissos internacionais estabelecidos no Acordo de Paris de 2015.”
O Acordo de Paris, que completa cinco anos neste mês de dezembro, estabelece que os países devem assegurar que o aumento da temperatura global média fique abaixo de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais até 2100. No entanto, pesquisadores preveem que a Terra caminha para uma temperatura média de cerca de 3 graus Celsius mais alta no final deste século.
Biden sinaliza volta dos EUA ao Acordo de Paris
Na semana passada, a Organização Meteorológica Mundial disse que 2020 está a caminho de ficar entre os três anos mais quentes já registrados. Anteriormente, os pesquisadores esperavam que 2020 pudesse apresentar uma leve contenção na tendência de aumento de temperaturas, porque o fenômeno climático La Niña, que se manifestou este ano, usualmente causa um breve resfriamento.
Ativistas de todo o mundo acusam a comunidade internacional de não fazer o suficiente em relação ao clima do planeta. Na semana passada, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos aceitou pela primeira vez dar continuidade a um processo de cunho climatológico.
Seis crianças e adolescentes de Portugal entraram com uma ação contra os 27 Estados-membros da União Europeia e outros seis países europeus. Os jovens acusam os países de terem agravado a crise climática e de colocarem o futuro de sua geração em risco. Eles esperam que o tribunal obrigue os países a tomarem medidas mais eficazes contra as mudanças climáticas. Os países têm até fevereiro para responderem às acusações.
No final de novembro, o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, nomeou o ex-secretário de Estado dos EUA John Kerry como chefe da política climática – um cargo que será inserido no Conselho Nacional de Segurança – e sinalizou que buscará reverter a saída americana do Acordo de Paris.
Ciberia // Deutsche Welle