Em 5 de fevereiro de 1958 um caça F-86 da Força Aérea dos EUA se chocou com um B-47, avião bombardeiro fabricado pela Boeing, nos céus da cidade de Savannah, no estado da Georgia, nos EUA.
O acidente aconteceu durante um treinamento, e com a batida o piloto do F-86 perdeu o controle da nave e ejetou: o impacto sobre o bombardeiro foi considerável mas não o suficiente para explodir ou derrubar o avião, e após uma intensa perda de altitude o piloto do B-47, Coronel Howard Richardson, conseguiu retomar o controle da aeronave e estabilizá-la para o pouso.
Seria portanto, um incidente grave porém sem maiores consequências, não fosse o nada discreto detalhe que o bombardeiro estadunidense carregava: uma bomba atômica modelo Mk 15 pesando 3.400 quilos e recheada de material radiativo.
Após o impacto, a possibilidade de ter de realizar um pouso emergencial com o bombardeiro era imensa e, a fim de reduzir o peso do avião e principalmente evitar uma possível explosão no caso do choque com o solo, ao piloto foi autorizado lançar a bomba no mar, a leste da Ilha Tybee, localizada nas águas do estado da Georgia.
Richardson conseguiu lançar a bomba sem explodi-la, e pousar a nave – o inacreditável acidente terminou sem maiores consequências diretas, mas sem identificar também a posição da Mk 15 jogada no mar.
Passados mais de 60 anos, porém, a bomba segue perdida, e junto com ela, as tantas toneladas de urânio e plutônio contidas em seu interior.
Segundo os relatos da época, o piloto do caça F-86, Lt. Clarence Stewart, não viu o avião de Richardson em seu radar e foi direto ao encontro do bombardeiro – perdendo, com isso, sua asa esquerda e danificando severamente os tanques de combustível do avião. No B-47, viajavam com Richardson outros dois oficiais como sua equipe.
Ao longo de dois meses a bomba foi procurada por toda a região pela marinha dos EUA, mas sem sucesso: depois de mais de seis décadas do ocorrido, especialistas hoje confirmam que, caso esteja intacta no fundo do mar, a bomba oferece risco consideravelmente baixo – e que é melhor deixá-la intacta do que tentar o resgate, esse sim perigoso.
Ainda que as Forças Armadas estadunidenses tenham cessados as buscas e que relatórios confirmem que o artefato provavelmente se tornou inofensivo, nada disso tranquiliza os brios ou mesmo a curiosidade dos moradores da região – que seguem em busca da bomba perdida.
Em 2004 um piloto aposentado detectou índices de radiação em uma área da região próxima à ilha Tybee que poderia sugerir a presença da arma, mas especialistas investigaram a suspeita e concluíram se tratar de índices normais.
O mistério, portanto, permanece no fundo do mar, carregando o peso da leviandade com que a humanidade fabrica e se descuida de artefatos capazes de arruinar nosso planeta e nossas vidas em um segundo.