As mais famosas explosões nucleares da história foram as que ocorreram nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, em 1945.
A fama, no entanto, não foi exatamente pelo potencial destrutivo das bombas, mas sim por seus resultados catastróficos. Afinal, foram as únicas ocasiões em que esse tipo de arma foi usado em guerras e contra alvos civis. Mas maior explosão nuclear da história foi muito mais intensa, e a Rússia divulgou vídeos desse episódio, cujas imagens permaneciam em segredo — até agora.
Foi em 30 de outubro de 1961 que um bombardeiro soviético lançou a bomba termonuclear mais poderosa que o mundo já viu. Ela caiu sobre a ilha de Novaya Zemlya, um território russo localizado no Oceano Ártico.
Era uma bomba de 50 megatons, chamada Tsar (ou Czar), e apelidada de “Grande Ivan” — uma menção ao czar russo conhecido como Ivan, o Terrível. Para fins de comparação, a arma nuclear mais poderosa já testada pelos EUA, a B41, foi de “apenas” 25 megatons (1 megaton equivale a 1 milhão de toneladas de dinamite).
A explosão da Tsar foi cerca de 1.500 vezes mais forte do que as bombas de Hiroshima e Nagasaki juntas. A bomba atômica Little Boy, lançada sobre Hiroshima, explodiu com “apenas” 15 quilotons (1 quiloton equivale a mil toneladas de TNT). A Tsar foi 3.800 vezes mais poderosa do que ela. De tão poderosa, ela teve que cair de paraquedas, para que os pilotos do avião tivessem chance de escapar da detonação.
Mais surpreendente é saber que, em 1950, a Rússia já estava trabalhando em uma bomba de hidrogênio com 100 megatons. Mas havia uma série de problemas, como o peso absurdo, que tornava a bomba impossível para ser levada por qualquer avião. Então, as autoridades foram convencidas a criar uma versão menor, com a metade do poder. Mesmo assim, ela mal coube no compartimento de bombas do avião durante o voo.
Tudo isso permaneceu nos arquivos confidenciais das autoridades russas, mas agora o público pode ter acesso a um verdadeiro documentário com imagens da Bomba Tsar. É que, na semana passada, a Rosatom State Atomic Energy Corporation (agência atômica estatal da Rússia) divulgou 40 minutos de imagens inéditas mostrando desde os preparativos e o transporte da bomba no bombardeiro Tupolev Tu-95, até a explosão no local de teste.
Claro, essa explosão foi apenas um teste, mas resultou em um cogumelo típico das explosões nucleares, mas com mais de 90 km de largura e mais de 65 km de altura, irradiando um flash de luz que pôde ser visto a uma distância de mais de 965 km.
Isso fez parte da “corrida dos megatons”, que era basicamente a disputa para ver qual nação do mundo teria a bomba mais potente, como explica o historiador da era atômica Robert Norris. “E os soviéticos venceram”, disse ele.
Nenhuma bomba como esta foi detonada outra vez. Dois anos depois, os Estados Unidos, a URSS e o Reino Unido assinaram o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, que proíbe explosões nucleares em qualquer lugar da Terra, tanto na superfície quando na atmosfera, e até mesmo debaixo d’água e do subsolo.
Também dificulta que países desenvolvam bombas nucleares pela primeira vez ou, caso já tenham, desenvolvam bombas ainda mais poderosas.
// Canaltech