EUA aprovam remédio pioneiro no combate ao declínio cognitivo causado pelo Alzheimer

Auntie P / Flickr

Os Estados Unidos aprovaram nesta segunda-feira (7) um medicamento chamado Aduhelm para tratar pacientes com Alzheimer. Trata-se do primeiro remédio contra a doença em quase duas décadas, e uma droga pioneira no combate ao declínio cognitivo relacionado à doença.

A tão esperada decisão da Food and Drug Administration (FDA) é polêmica, já que um painel de especialistas independentes encontrou evidências insuficientes sobre os benefícios do Aduhelm, em novembro de 2020.

“O Aduhelm é o primeiro tratamento que visa a fisiopatologia subjacente da doença de Alzheimer, com a presença de placas de beta amilóide no cérebro”, disse Patrizia Cavazzoni, representante do regulador norte-americano.

O sinal verde do regulador acontece por meio do selo da “Aprovação Rápida”, usada pelo FDA quando o regulador acredita que um medicamento pode fornecer benefícios significativos sobre os tratamentos existentes, mas ainda há incerteza entre os especialistas.

“Como costuma acontecer quando se trata de interpretar dados científicos, a comunidade de especialistas ofereceu perspectivas diferentes”, disse Cavazzoni em um comunicado, reconhecendo a polêmica.

O Aduhelm, um anticorpo monoclonal também conhecido por seu nome genérico aducanumab, foi testado duas vezes em humanos em estágio avançado de Alzheimer, procedimento conhecido como testes de fase 3. O remédio mostrou uma redução no declínio cognitivo em um paciente, mas não no outro.

Mas em todos os estudos, o Aduhelm demonstrou de forma convincente uma redução no acúmulo de uma proteína chamada beta-amilóide no tecido cerebral de pacientes com Alzheimer. Uma teoria defendida por cientistas afirma que a doença é causada por um acúmulo excessivo dessas proteínas no cérebro de algumas pessoas à medida que envelhecem, e seu sistema imunológico se deteriora.

Portanto, fornecer anticorpos a esses pacientes pode ser um meio de restaurar parte de sua capacidade de eliminar o acúmulo de placa.

Reação dos especialistas

“Em nome das pessoas afetadas pelo Alzheimer e todos os outros tipos de demência, celebramos a decisão histórica de hoje“, tuitou a Associação de Alzheimer, uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos.

Os cientistas tiveram uma reação mais comedida, e declararam esperar que a aprovação do Aduhelm serva para estimular o desenvolvimento de medicamentos mais potentes no futuro.

“Embora eu esteja satisfeito com a aprovação do aducanumabe, temos que deixar claro que, na melhor das hipóteses, essa é uma droga de benefício marginal que só ajudará pacientes selecionados com muito cuidado“, disse John Hardy, professor de neurociência da universidade de Londres. “Precisaremos de drogas amilóides melhores no futuro”, acrescentou.

O último medicamento para a doença de Alzheimer foi aprovado em 2003 e todos os produtos anteriores focavam nos sintomas associados à doença, não em sua causa subjacente.

Estima-se que o Alzheimer, a forma mais comum de demência, afete 50 milhões de pessoas em todo o mundo. A doença geralmente se manifesta após os 65 anos.

Ela destrói progressivamente o tecido cerebral, atingindo a memória das pessoas, deixando-as desorientadas e às vezes incapazes de realizar as tarefas diárias. O Alzheimer também está associado a alterações de humor acentuadas e problemas de comunicação.

// RFI

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