Ativista Vitaly Shishov ajudava compatriotas a fugir da perseguição do regime de Alexander Lukashenko, considerado o último ditador da Europa. Polícia investiga possível assassinato encenado como suicídio.
Um ativista de Belarus foi encontrado morto nesta terça-feira (03/08) num parque de Kiev. Baseado na Ucrânia, Vitaly Shishov ajudava compatriotas a fugir da perseguição do regime de Alexander Lukashenko, considerado o último ditador da Europa.
Shishov foi achado enforcado num parque perto de sua casa. O aparente suicídio, porém, é investigado pela polícia como possível assassinato. O ativista havia sido dado como desaparecido desde que, pela manhã, saíra para correr.
“O quadro completo dos acontecimentos será confirmado após o interrogatório das testemunhas e da análise das gravações de vídeo, entre outras medidas”, disse a polícia, que suspeita se tratar de um assassinato mascarado de suicídio.
Líder da oposição em Belarus, Sviatlana Tsikhanouskaya denunciou que a morte de Shishov pode ser um crime e disse que aguarda a investigação para saber a verdade.
“Eu prefiro esperar os resultados de uma investigação”, disse Tsikhanouskaya, durante visita a Londres. “Eu diria que foi um crime, mas não posso dizê-lo sem nenhum resultado de investigação”.
Shishov era diretor da Casa Belarusa na Ucrânia, uma organização que passou a ajudar pessoas a escapar da repressão em Belarus após os protestos antigovernamentais do ano passado. Ele tinha 26 anos.
Repressão a opositores
O regime de Lukashenko, no poder em Belarus desde 1994, é marcado por reprimir a dissidência, e prendeu milhares após protestos contra o governo no ano passado.
Os acontecimentos das últimas semanas sugerem que ele também está intensificando sua campanha contra o número crescente de exilados belarusos no exterior.
Em maio, Lukashenko desviou e forçou a aterrissagem de um avião de passageiros com um ativista belarusso exilado a bordo e o mandou prender.
No domingo, uma velocista olímpica belarussa procurou proteção em um aeroporto de Tóquio enquanto as autoridades de seu país tentavam mandá-la à força para casa após suspender sua participação nos Jogos Olímpicos. Ela disse temer por sua segurança depois de criticar seus treinadores e a federação de atletismo de seu país.