Um grupo de cientistas descobriu uma dezena de fraturas geológicas de mais de um quilômetro de profundidade sob a superfície do gelo da Antártida ocidental.
Segundo um artigo publicado na revista Geophysical Research Letters, as fendas se formaram há milhares de anos, quando a temperatura da Terra era muito mais baixa.
“Agora entendemos muito melhor o que se esconde sob as enormes geleiras de um dos lugares mais afetados pelo aumento das temperaturas na Antártida ocidental”, disse Romain Millan, pesquisador da Universidade da Califórnia e um dos autores do artigo.
“Foi descoberto que a profundidade a que se encontram estas estruturas é centenas e até milhares de metros maior do que supúnhamos. Isso nos permite prever o que acontecerá com as geleiras e entender como as águas dos oceanos afetam o gelo submerso”, acrescentou Millan.
Os cientistas descobriram uma enorme rede de fraturas gigantes sob a camada de gelo, que formam um conjunto de rios, canais, baías e vales, que alcançam uma profundidade de até 1.200 metros. Estas estruturas abrigam águas quentes provenientes do oceano Antártico, que pouco a pouco foram derretendo a camada de gelo da Antártida.
Segundo os pesquisadores, este “sistema geográfico” submarino foi formado há milhares de anos, quando a área da camada de gelo da Antártida era maior, e algumas áreas de gelo estavam muito mais perto da superfície.
Felizmente, esta estrutura submarina está a uma grande profundidade, aonde não chegam as correntes muito quentes, por isso o processo de aquecimento da camada de gelo é muito lento.
No entanto, os autores do estudo acreditam que estas estruturas aceleram o processo de colapso da camada de gelo da Antártida ocidental, o que pode levar a um aumento do nível do mar de 1,2 metros no final do século XXI.
A cada ano, a Antártida perde mais de 2,8 quilômetros cúbicos de gelo. Em 2013, foi descoberto que metade do gelo desaparece por causa das correntes quentes que banham as regiões submarinas, a cobertura de gelo do continente através de um sistema de “rios” e canais submarinos.
// Sputnik News