Abandonada pela mãe quando tinha um ano e meio, abusada sexualmente pelo tio, de quem engravidou aos 14 anos. Liliam Altuntas viu na prostituição o único meio para ganhar dinheiro, até que foi vendida para a Alemanha numa rede de tráfico de menores. Mesmo com todos esses percalços, sua história tem um rumo feliz.
Hoje ela é dona de uma doceria bem-sucedida na Itália e pode ajudar pessoas que passam por dificuldades parecidas com as que Liliam enfrentou. Nascida em Queimados, no Rio de Janeiro, ela foi morar com familiares no Recife após ser deixada pela mãe. Com 6 anos, foi morar com o tio, que abusou dela até ela fugir de casa cinco anos depois.
Uma senhora a acolheu na rua e a levou para Fortaleza, prometendo uma vida melhor. Não era verdade. A mulher comandava um prostíbulo, e colocou a então adolescente para trabalhar lá. Liliam preferiu voltar para a casa do tio, pois “era melhor ser abusada por um homem só do que deitar-se com vários na mesma noite”.
Ainda jovem, ela foi vendida para um estrangeiro, que a levou para Dusseldorf, na Alemanha. Ela trabalhou como prostituta por seis anos na Europa, até que decidiu mudar de vida. Já casada e morando em Turim, na Itália, anos depois, ela estava em um ponto de ônibus quando ouviu uma prostituta brasileira dizer que sentia saudades da comida do país. Decidiu começar a cozinhar para vender.
A prostituta em questão e suas amigas tinham clientes famosos, que acabaram conhecendo a fama de boa cozinheira de Liliam e sua freguesia aumentou. Ela abriu um buffet, e chegou a ganhar um prêmio de Melhor Empresária Estrangeira na Itália.
Hoje Liliam comanda um estabelecimento bem-sucedido, que produz 30 bolos e mil cupcakes por dia. Mas não esquece de suas origens: todos os domingos, a brasileira sai pelas ruas de Turim para distribuir comida: quentinhas com cardápios variados, que incluem coisas como macarrão, mini-pizza, carnes e legumes. E vários doces, é claro.
A história fez com que organizadores do Refettorio Gastromotiva, restaurante carioca que oferece comida a pessoas em situação de rua, a chamassem para participar de um programa para ensinar culinária. Segundo ela, mais de 300 pessoas passaram pelo curso.
Ao Só Notícia Boa, Liliam, que já voltou para a Itália, contou que planeja abrir uma escola de culinária no ano que vem, no Rio ou em Recife. Seu objetivo é assistir pessoas em situação de rua, oferecendo um caminho profissional que os ajude a mudar de vida. Experiência no campo ela tem de sobra.
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