Um grupo de ecologistas advertiu neste domingo (9) que, três anos após a assinatura por 195 países do Acordo de Paris para combater as mudanças climáticas, o protocolo pode estar em risco pelas divergências dos Estados no financiamento.
“Há uma dúzia de países, liderados pela posição dos Estados Unidos, que recusam propostas para avançar com mecanismos de financiamento”, denunciou a representante do grupo ecologista Friends of the Earth, Rachel Kennerly.
Em encontro aos jornalistas no âmbito da conferência sobre as mudanças climáticas, que terminou neste domingo (9) em Bangkok, na Tailândia, a ecologista britânica Rachel Kennerly apelou, por isso, para os países que lutam contra esse tipo de fenômenos, bem como à União Europeia, deem “um passo a frente” na concretização dos objetivos do Acordo de Paris, deixando de lado “as ambições” da administração norte-americana.
No Acordo de Paris ficou firmado que os países desenvolvidos têm que contribuir, a partir de 2020, com 100 bilhões de dólares por ano, para ajudar os Estados mais desfavorecidos a lutar contra as mudanças climáticas e a mitigar seus efeitos.
Mais de 1.400 delegados de 190 países e da União Europeia participaram da conferência, que tinha como objetivo chegar a um acordo sobre um quadro de orientações e regras para serem aprovadas na Cúpula do Clima (COP 24), que se realiza na Polônia em dezembro.
As orientações devem ter presentes o Acordo de Paris (2015), que apresenta um plano de ação destinado a limitar o aquecimento global a um valor abaixo dos 2 graus centígrados, entre outras medidas.
A conferência de Bangkok foi a última oportunidade de avançar as negociações antes da COP 24, após o fraco progresso conseguido na reunião preparatória realizada em maio passado na cidade alemã de Bona.
Intervindo na ocasião, o porta-voz da organização não-governamental ActionAid International, Harjeet Singh, culpou a “crise” financeira pela “falta de confiança” entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento para a atribuição de verbas no âmbito do Acordo de Paris.
Já Jesse Bragg, da associação Corportate Accountability, recusou “permitir que [Donald] Trump e os grandes grupos econômicos [da indústria dos combustíveis] continuem a quebrar o Acordo de Paris”, lembrando a intenção dos Estados Unidos em abandonar o pacto até novembro de 2020.
Por sua vez, a responsável da associação Asian People’s Movement on Debt and Development, Lidy Nacpil, disse esperar que os países desenvolvidos “tenham noção de que as ações refletem uma negação clara das suas responsabilidades“, falando ainda na “urgência” das negociações antes da COP 24.
Ciberia, Lusa // ZAP