O alpinista chinês Xia Boyu, de 69 anos, que tem ambas as pernas amputadas, conseguiu chegar ao topo do Everest na segunda-feira (14). Ele realizou o sonho de escalar os 8.848 metros do cume dos Himalaias.
Mas essa não é a primeira vez que ele tenta realizar a proeza. Em 1975, Xia Boyu integrou uma equipe chinesa que escalou o Monte Everest. Contudo, quando se encontrava na chamada “zona de morte” no caminho que leva ao topo, a mais de 8 mil metros de altitude, passou por uma tempestade.
Exposto a temperaturas muito baixas durante três noites e com falta de oxigênio por ter emprestado sua manta de aquecimento a um colega, o alpinista sofreu hipotermia grave, tendo perdido ambos os pés com apenas 25 anos de idade.
Anos mais tarde, em 1996, Xia Boyu ficou sem a parte inferior das pernas na sequências de um linfoma, tipo de câncer nas células do sangue.
A saúde não o convenceu a parar e em 2014 Boyu decidiu voltar ao Monte Everest. No entanto, não conseguiu escalar devido a uma avalanche que matou 16 sherpas – guias que auxiliam os alpinistas. No ano seguinte, voltou a tentar, mas o terremoto de 7.8 na Escala Ritcher que abalou o Nepal proibiu a subida de alpinistas.
Na sua última tentativa, em 2016, Xia Boyu ficou a apenas 200 metros do objetivo, antes de o mau tempo obrigá-lo a voltar. “Meu sonho é escalar o Monte Everest. Tenho que realizá-lo. É um desafio pessoal, um tipo de destino“, afirmou no mês passado à AFP.
Este ano, Xia Boyu foi quase impedido, não pelos problemas físicos, mas por uma proibição imposta pelo governo do Nepal. Em um polêmico conjunto de normas, o governo proibiu a escalada ao Everest de pessoas amputadas, cegas ou que estejam sozinhas.
Mas às 8h26 da manhã desta segunda-feira no Nepal (23h41 de domingo em Brasília), o chinês realizou finalmente o seu sonho. “Xia Boyu chegou ao cume esta manhã, com outros sete membros da expedição”, confirmou o sherpa Dawa Futi, citado pela revista portuguesa Sábado.
Xia Boyu junta-se ao neozelandês Mark Inglis e ao equatoriano Santiago Quintero, os únicos duplos amputados que tinham conseguido, até agora, chegar ao topo do mundo.
Em 2018, são mais de 500 alpinistas dispostos a embarcar na mesma aventura e tentar escalar o Monte Everest.
Ciberia // ZAP