As águas do Antártico podem absorver menos CO2 do que antecipávamos

A vastidão das águas geladas que separa o continente da Antártida dos restantes continentes é um poço de mistério para a maioria das pessoas. Contudo, este remoto, tempestuoso oceano trás grandes benefícios para a humanidade.

Segundo estimativas dos cientistas, a cada ano, o oceano Antártico absorve cerca de 40% das emissões de dióxido de carbono emitidos pelas populações humanas aquando da queima dos combustíveis fosseis.

Isto ajuda imenso a abrandar o passo cada vez mais rápido do aumento dos gases de estufa na atmosfera e a conter em parte as alterações climáticas. Contudo, alguns pontos do oceano poderão estar a trabalhar no sentido oposto.

Os cientistas têm procurado de forma ambiciosa medir quando dióxido de carbono o oceano consegue absorver, usando sondas de alta profundidade que navegam pelos vários cantos do oceano.

O que os cientistas descobriram foi, contudo, surpreendente. Durante os meses do frio, escuro e rigoroso inverno Antártico, partes do oceano libertam dióxido de carbono em vez de o absorver.

Os dados recolhidos pelos cientistas leva-os a ponderar o quão mais complexo é o senário, e o quanto dióxido de carbono pode o oceano austral pode afinal absorver. Questionam-se também para onde escapa o dióxido de carbono, se para um outro oceano, para a atmosfera ou para a vegetação.

Os investigadores têm assim então de reavaliar as suas ideias sobre o fluxo de carbono na Terra.

Ao contrário das águas de outros oceanos, onde os continentes que os bordam moldam as correntes e restringem os seus movimentos, no oceano Antártico as águas fluem sem impedimento em redor do continente Antártico.

Isto cria um fenómeno de circulação de água em que as partes profundas do oceano são circuladas para a superfície, e vice-versa. Esta circulação de água da superfície para a profundidade, pensa-se, é uma das responsáveis pela capacidade do oceano para captar dióxido de carbono.

As águas á superfície absorvem o carbono que é depois movido para baixo na coluna de água. Em contrário, a água das profundezas sobre com um teor menos de carbono (ainda tem algum derivado dos seres vivos que morrem e vão dar ao fundo o oceano).

É importante compreender o papel deste oceano a nível da captação de dióxido de carbono e a sua contribuição para a retardação das alterações climáticas.

Das estimadas 375 giga toneladas (uma giga tonelada são 1 milhão de toneladas) de dióxido de carbono libertadas entre 1750 (início da era industrial) até 2011, estima-se que o oceano austral tenha absorvido cerca de 42 giga toneladas. Mais de 10% do total.

Importa perceber se este dióxido de carbono é definitivamente sequestrado, ou se há alguma dinâmica de sequestro e libertação, ou mesmo uma capacidade máxima, sem efeito para a sua acumulação.

Compreender o sistema de funcionamento e as dinâmicas do dióxido de carbono em relação ao oceano Antártico poderão ajudar a refinar os modelos de previsão das alterações climatéricas. Isso ajudar-nos-ia a perceber melhor onde estaríamos, daqui a 20 ou mesmo 50 anos, e a perceber melhor que medidas tomar para reverter as alterações climatéricas.

Ciberia //

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