Uma coleção de humanos mumificados no norte do Chile está se transformando em lodo preto devido aos crescentes níveis de umidade. O pior: os cientistas não têm ideia de como parar o processo.
Mais de cem múmias – com, pelo menos, 7 mil anos de idade – começaram a se tornar gelatinosas e no ano passado funcionários locais apelaram à agência cultural das Nações Unidas, a UNESCO, que as reconhecesse como patrimônio mundial.
Claro que apenas isso não salvará as múmias, mas os arqueólogos têm esperança de que a crescente atenção da comunidade internacional ajude a encontrar uma solução para o problema.
Os pesquisadores acreditam que este seria o resultado de colônias de bactérias que se desenvolvem na pele mumificada.
Sergio Medina Parra, antropólogo e chefe do departamento na Universidade de Tarapaca, no Chile, explicou à Reuters em 2016 que o objetivo é “o início de um processo de melhores ferramentas com o Estado chileno e a comunidade internacional a cooperar”.
Desde o início do século XX, quase 300 múmias humanas foram descobertas ao longo da costa sul do Peru e norte do Chile, incluindo adultos, crianças, bebês e abortos. Até hoje, residiriam aqui as mais antigas múmias descobertas no mundo.
As múmias foram feitas por um povo conhecido como os Chinchorros, que mumificava seus mortos 2 mil anos antes dos antigos egípcios começarem a mumificar seus faraós.
“As datas que temos para os corpos são de há 7 mil anos, o que significa que este povo tem mais antiguidade em termos de trabalho intencional no corpo humano”, explicou Medina Parra.
Enquanto que os egípcios reservavam a mumificação para a elite, os Chinchorros, aparentemente, mumificavam qualquer um, novo ou velho, sugerindo isso que eles manteriam uma sociedade igualitária.
“As múmias Chinchorro não eram restritas aos mortos de elite. A comunidade era muito democrática”, disse Bernardo Arriaza, da Universidade de Tarapaca, que lidera esta área de pesquisa há 30 anos.
Arriaza suspeita que a água contaminada vinda de vulcões próximos pode ter iniciado a prática da mumificação, pois pesquisadores encontraram arsênio nos tecidos das múmias.
“Envenenamento por arsênio pode levar a uma alta taxa de abortos e mortalidade infantil e a tristeza com essas mortes pode ter levado a comunidade a preservar os corpos. O processo de mumificação pode ter começado com fetos e evoluído para adultos. As múmias mais antigas encontradas são de crianças”, explicou.
Agora, os cientistas enfrentam o problema da degradação “nunca antes estudada”. Análises revelaram bactérias que normalmente vivem na pele das pessoas. Agora, essas bactérias aceleraram o processo de degradação como nunca.
Ciberia // ZAP