A Justiça austríaca ordenou o governo a pagar 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 6,3 milhões) para a dona da casa onde Adolf Hitler nasceu em uma disputa sobre a desapropriação do imóvel.
O tribunal do distrito de Ried im Innkreis decidiu que o Estado precisa “aumentar substancialmente” o valor que pagou pela casa, em Braunau, “levando em consideração o fato de que o prédio foi o local de nascimento de Adolf Hitler”, segundo o jornal local Oberösterreichische Nachrichten.
Em 2016, o governo desapropriou o prédio de três andares pelo preço de 310 mil euros. Desde então, a dona, Gerlinde Pommer, tem brigado na Justiça para ser compensada pela perda da propriedade.
O valor de 1,5 milhão de euros que ela conseguiu é exatamente o preço que seus advogados diziam que o prédio e o estacionamento em frente valiam. O governo da Áustria ainda não disse se pretende entrar com um recurso.
A disputa judicial começou há oito anos, quando Pommer encerrou um contrato de décadas com o Ministério do Interior para manter no local um abrigo para pessoas com deficiência.
Pommer rejeitou planos do governo para tornar o prédio mais acessível para cadeiras de rodas e depois recusou todas as ofertas do governo para comprá-lo. Um plano para tornar o local em um centro de refugiados em 2014 também acabou frustrado.
Após idas e vindas, o governo comprou o prédio por uma ordem de desapropriação, e a Justiça rejeitou a argumentação de Pommer de que isso violava seus direitos.
Mas a propriedade está “no limbo” desde então, porque as autoridades não conseguem decidir o que fazer com o edifício.
O ministro do Interior da época, Wolfgang Sobotka, disse ao jornal Die Presse que queria demolir a casa para que “nada mais sobrasse a não ser o porão” e construir no lugar uma instituição de caridade.
O objetivo é impedir neonazistas de peregrinarem ao local todo ano no aniversário de Hitler – o líder nazista nasceu ali em 1889. O problema é que a casa é protegida pelo Departamento de Patrimônio, com algumas partes construídas no século 17, e sua demolição é altamente controversa.
Alguns austríacos veem o plano de demoli-la como uma tentativa de apagar a ligação desconfortável do país com o nazismo.
Questões envolvendo o passado do país ganharam proeminência nos últimos anos graças ao sucesso eleitoral do Partido Liberdade, de extrema-direita, que é parte do governo de coalizão de Viena desde 2017.
// BBC