A casa onde Hitler nasceu em 1889 em Braunau am Inn, na Áustria, vai ser demolida. O anúncio foi feito essa segunda-feira (17) pelo ministro do Interior austríaco, Wolfgang Sobotka, após um longo período de indecisão quanto ao destino da casa.
“A casa de Hitler vai ser demolida. Vão ser mantidas as infraestruturas e um novo edifício vai ser erguido”, afirmou o ministro do Interior, segundo a BBC. “O novo edifício vai ser usado por uma instituição de caridade ou autoridade local”.
O governo austríaco pretendia há meses expropriar a casa onde nasceu Adolf Hitler, para impedir que prédio se torne local de peregrinação de neonazistas, depois ter tentado durante anos comprar o imóvel, desocupado desde 2011.
O primeiro passo vai ser dado em breve. Ainda esse mês, o parlamento austríaco deverá aprovar a expropriação do edifício das mãos de Gerlinde Pommer, a dona da casa. A casa onde Hitler nasceu pertence à família de Pommer há mais de um século.
O prédio está vazio desde 2011, o que criou uma oportunidade para neonazistas de todo o mundo o usarem como local de adoração e peregrinação.
Todos os anos, a 20 de abril, data do aniversário de Hitler, vários apoiantes de extrema-direita se reúnem à porta do edifício para tirar fotografias, segundo a Deutsche Welle.
A demolição da casa não é bem vista por todos os 17 mil habitantes da cidade de Braunau am Inn e tem provocado um debate no país.
Se uns acreditam ser o melhor para afastar os neonazistas do local, outros dizem que não vai fazer diferença.
Rotraud Steiger vive em frente à casa de Hitler há mais de 50 anos e é contra a demolição. “Não vai mudar a história, não é? Acho que não tem sentido”, contou a mulher à Deutsche Welle.
Steiger disse ainda que Hitler apenas viveu na casa durante alguns dias quando era bebê e que preferia que esta se tornasse um memorial.
Martin Simbock, dono da tabacaria que se encontra perto da casa, também acredita que o edifício deveria ser transformado num memorial e que demoli-lo será inútil.
“Mesmo que eles transformem o edifício num buraco as pessoas vão continuar a saber o que era antes”, afirmou Martin à Deutsche Welle. “O edifício não deveria ser derrubado mas sim usado de forma responsável, para educar pessoas”.
Na frente da casa está uma placa retirada do campo de concentração de Mauthausen, que diz “Pela paz, liberdade e democracia. Fascismo nunca mais. Milhares de mortos são um aviso”.
A casa foi comprada pelo regime Nazista e, depois da 2ª Guerra Mundial, foi devolvida à família de Pommer, em 1952.
Em 1972, o governo austríaco assinou um contrato de cedência para o edifício ser transformado num centro para pessoas com deficiências, mas em 2011 Gerlinde Pommer cancelou o contrato devido a uma disputa sobre as renovações necessárias para tornar o prédio mais acessível a pessoas com dificuldades motoras.
Nos últimos anos, Gerlinde Pommer tem pago uma renda mensal de 4.800 euros (cerca de R$ 17 mil) pela casa de Hitler, e o facto de o estado querer retirar a sua propriedade também está indignando os austríacos.
// ZAP