As autoridades gregas anunciaram nesta sexta-feira (27) que existem “indícios sérios” de atos criminosos nos incêndios que ocorreram na zona de Mati, a 30 quilômetros de Atenas, e que causaram a morte de pelo menos 83 pessoas.
O ministro da Ordem Pública da Grécia, Nikos Toskas, afirmou que a análise das imagens de satélite e as investigações no terreno sugerem que as chamas começaram na segunda-feira (23) em vários locais e em um curto espaço de tempo, provavelmente devido a atos criminosos.
“Existem sérios indícios de mão criminosa, mas as investigações ainda decorrem”, disse Nikos Toskas em coletiva de imprensa, acrescentando que foi encontrado um objeto suspeito em Mati, local onde ocorreram a maioria das mortes.
Nikos Toskas salientou que os ventos fortes que foram sentidos provocaram uma “situação extraordinária”, levando as chamas a se propagassem de forma rápida em pouco tempo.
Os incêndios de segunda-feira em Mati, um bairro associado à vila de Rafina, e nas proximidades causaram pelo menos 83 mortos e quase duas centenas de feridos, dos quais 70 continuam hospitalizados, alguns em estado crítico.
As autoridades continuam as buscas nos locais afetados e também no mar, para procurar por mais possíveis vítimas. Ainda não há dados oficiais sobre o número de desaparecidos, mas os bombeiros têm relatado receber dezenas de chamadas de pessoas à procura de familiares.
Site criado para procurar desaparecidos
Quatro dias após os incêndios que assolaram a Grécia, ainda existem dezenas de pessoas desaparecidas. Para ajudar na procura destas pessoas, foi criada uma plataforma online.
Qualquer pessoa pode contribuir para a plataforma: basta publicar uma foto com o nome do familiar ou amigo desaparecido, preenchendo os dados em um formulário para garantir a comprovação da publicação, segundo o Jornal de Notícias.
A plataforma já conta com várias publicações de Mati, Rafina e Kikkono Limanaki – as regiões gregas com maior número de vítimas.
Theofanis Kassimis, um dos autores da plataforma, disse que o Serviço de Bombeiros grego e a Proteção Civil têm conhecimento do site.
Cenário de “pós-guerra”
Os incêndios, considerados como a maior tragédia com incêndios na última década, devastaram a região. A Cruz Vermelha, que opera há dias no local, descreve uma paisagem desoladora com um cenário de “pós-guerra”.
“A paisagem é desoladora. Era uma área densa, cheia de árvores e pessoas, mas agora está tudo devastado. As casas estão queimadas, as árvores estão queimadas. Parece um cenário de pós-guerra”, conta Lina Tsitsou, chefe de equipe para resposta nacional a desastres da Cruz Vermelha grega, em declarações à BBC.
“Há o elemento humano. Ouvi pessoas dizendo que só lhes restam os sapatos e as roupas do corpo e que estão de luto pelos vizinhos”, afirma Tsitsou.
“Dizem que perderam tudo. Todas as economias e o trabalho de uma vida, investidos em uma casa. Para os gregos, ter uma casa é muito importante. E esse investimento está agora acabado. O drama vem de muita, muita gente. As pessoas estão traumatizadas”.
O executivo grego anunciou um conjunto de medidas para prestar apoio às vítimas, entre as quais, alívio fiscal, atribuição de 5 mil euros a famílias e pessoas afetadas pelos incêndios. Um montante de 6 mil euros para famílias com três ou mais crianças.
Além disso, os negócios que tenham sofrido danos poderão receber 8 mil euros. Foi ainda anunciado um fundo de emergência de 40 milhões de euros, aberto a doações, para ajudar as regiões afetadas.
Depois das chamas, uma forte tempestade
Poucas horas após as chamas, uma forte tempestade atingiu nesta quinta-feira (26) a zona norte dos subúrbios do país. As cidades de Maroussi e Chalandri foram as mais afetadas, onde várias estradas ficaram inundadas e carros foram arrastados frente à precipitação intensa que caiu em um curto espaço de tempo.
A mídia local relatam que os bombeiros receberam cerca de 150 chamadas com pedidos de ajuda, devido a danos em carros e inundações em casas. Algumas estradas foram interditada ao trânsito, aponta o Expresso.
De acordo com Greek Reporter, as principais estradas de Kifisia e Nea Erythrea ficaram intransitáveis, enquanto na cidade de Marousi carros que se encontravam em parques de estacionamento ficaram submersos. Vários vídeos e imagens divulgados nas redes sociais mostram as consequências da tempestade.