O presidente da Síria, Bashar al-Assad, foi reeleito para um mandato de sete anos com 95,1% dos votos, anunciou nesta quinta-feira o presidente do Parlamento, após eleições criticadas pela oposição e pelos países ocidentais. Os outros dois candidatos – Abdallah Sallum Abdallah e Mahmud Marei – tiveram 1,5% e 3,3% dos votos, respectivamente.
Em um país assolado desde 2011 pela guerra, 14,2 milhões de pessoas foram às urnas, entre 18,1 milhões aptas a votar, o que representa uma taxa de participação de 76,64%. Aos 55 anos, Assad fez campanha prometendo reconstruir o país.
As eleições foram realizadas nas áreas controladas pelo regime, ou seja, em dois terços do território, e em embaixadas da Síria.
Foi a segunda votação presidencial no país desde o começo da guerra, que já deixou cerca de 388 mil mortos, segundo a ONU, 500 mil de acordo com outras organizações de defesa dos direitos humanos. Em 2014, Assad obteve mais de 88% dos votos, segundo os resultados oficiais. Ele está no poder há 21 anos.
Os ocidentais afirmam que as eleições não foram “nem livres, nem justas”, e a oposição as classificou como uma farsa. Antes da votação, Estados Unidos e União Europeia anunciaram que não reconheceriam os resultados do pleito.
Reconstrução
Os estragos de uma década de guerra são estimados em US$ 380 bilhões pela ONU. No entanto, o regime sírio promete que reconstruirá o país. Mais da metade da população foi deslocada e quase 90% dos sírios vivem na pobreza.
Um relatório do Banco Mundial de 2017 apontou que 30% dos edifícios na Síria foram gravemente danificados ou destruídos por anos de conflito. As chamadas “áreas rebeldes” foram as que mais sofreram bombardeios do regime e seus aliados. Em Homs, 54% dos prédios são inabitáveis.
Desde 2012, uma agência governamental, o “Comitê de Reconstrução”, é responsável por ajudar os sírios a reerguer suas casas. Um total de 386 bilhões de libras sírias (ou US$ 1,4 bilhão) foi arrecadado, graças a uma taxa de 10% sobre alguns impostos diretos e indiretos.
Mas, por falta de transparência na distribuição desses recursos, há suspeitas que uma boa parte das verbas sejam destinadas para suprir as necessidades das administrações e do Exército em infraestrutura: habitação e hospitais militares em primeiro lugar.
// RFI