Os Estados Unidos pediram neste domingo à Rússia para que ponha fim “imediatamente” ao seu apoio “incondicional” ao governo de Bashar al Assad depois do suposto ataque químico ocorrido no sábado contra a cidade de Duma, o último reduto rebelde nos arredores de Damasco.
A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, afirmou em comunicado que a Rússia “descumpriu os seus compromissos com as Nações Unidas e traiu a Convenção sobre Armas Químicas ao proteger incondicionalmente Assad”.
“A proteção do regime de Assad por parte da Rússia e a sua incapacidade para deter o uso de armas químicas na Síria questiona o seu compromisso de resolver a crise global e as maiores prioridades de não proliferação”, afirmou a porta-voz.
“A Rússia, com o seu inquebrantável apoio ao regime, em última instância é responsável por estes brutais ataques, voltados contra civis e a asfixia das comunidades mais vulneráveis da Síria com armas químicas”, acrescentou.
O Governo americano acompanha de perto as informações sobre o suposto ataque a um hospital em Duma, onde, sem detalhar o número de mortos, reconheceu que pode haver “um número potencialmente alto de vítimas“.
“Se estes relatórios horríveis forem confirmados, exigem uma resposta imediata da comunidade internacional”, asseverou a porta-voz.
Nauert insistiu que o histórico de Assad com o uso de armas químicas contra o seu próprio povo “não está em discussão” e lembrou que há um ano as forças do Governo sírio fizeram um ataque de gás sarin que matou aproximadamente cem sírios.
Rússia nega uso de armas químicas
A Rússia negou neste domingo categoricamente as informações sobre um suposto ataque químico realizado pelas forças governamentais da Síria no reduto rebelde da cidade de Duma, nos arredores de Damasco.
“Negamos categoricamente tal informação e, assim que for liberada a cidade de Duma dos rebeldes, nos declaramos dispostos a enviar imediatamente nossos especialistas”, disse Yuri Yevtushenko, chefe do Centro de Reconciliação russa na Síria.
O general russo explicou que os especialistas do seu país em limpeza química, biológica e radiativa “recolherão dados que confirmarão que essas declarações são fabricadas”. Ele acusou “uma série de países ocidentais” de tentar impedir o reatamento da operação de evacuação de rebeldes de Duma, estancada há dois dias.
“Para isso se utiliza o tema preferido de Ocidente que é o uso de armas químicas por parte das forças governamentais sírias”, afirmou Yevtushenko.
A agência oficial síria, a “SANA”, também rejeitou qualquer responsabilidade das forças sírias e garantiu que “as denúncias do uso de substâncias químicas em Duma são uma tentativa clara de impedir o progresso do Exército”.
Segundo a ONG Capacetes Brancos, pelo menos 40 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, morreram no sábado por asfixia em um ataque químico contra Duma, cidade que fica nos arredores de Damasco.
Papa repudia uso de “instrumentos de extermínio”
O papa Francisco condenou neste domingo o uso de “instrumentos de extermínio contra a população” na guerra da Síria, após várias ONGs denunciarem que dezenas de pessoas morreram no sábado passado por um ataque químico em Duma, o último reduto rebelde nos arredores de Damasco.
“Nada pode justificar tais instrumentos de extermínio contra a população”, disse o pontífice na praça de São Pedro do Vaticano, momentos depois de celebrar uma missa. “Chegam da Síria notícias terríveis com dezenas de vítimas, muitas delas mulheres e crianças. Rezamos por todos os defuntos, famílias e afetados”, disse o papa.
O pontífice afirmou “não há uma guerra boa ou uma guerra má e nada, nada pode justificar tais instrumentos de extermínio contra a população”.
“Rezemos para que os responsáveis políticos e militares escolham outro caminho, o de negociação, o único que pode levar à paz e não à morte e à destruição”, acrescentou, após rezar a Regina Coeli que substitui o Ángelus em tempos de Páscoa.
Segundo Capacetes Brancos, que divulgou fotos de corpos, muitos deles de crianças, centenas de pessoas foram afetadas pelo ataque ocorrido ontem quando “um helicóptero lançou um barril-bomba que continha um agente químico sobre Duma“.
Ciberia // EFE