Os EUA estão prontos para agir novamente caso haja um novo ataque químico na Síria, assegurou no sábado (14) a embaixadora norte-americana na ONU durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança.
“Estamos confiantes que incapacitamos o programa de armas químicas da Síria. Estamos preparados para manter a pressão, se o regime sírio for insensato o suficiente para testar nossa vontade”, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley.
Os EUA, a França e o Reino Unido realizaram na noite de sexta-feira (13) uma série de ataques com mísseis contra três alvos associados à produção e armazenamento de armas químicas na Síria, em resposta a um suposto ataque com armas químicas na cidade rebelde de Douma, em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco.
Segundo o secretário-geral da Otan, a ofensiva teve o apoio dos 29 países que integram a Aliança.
O suposto ataque químico foi realizado há uma semana e teria provocado mais de 40 mortos e afetado cerca de 500 pessoas.
“Os EUA não vão permitir que o regime de Assad continue a usar armas químicas”, reforçou ainda Nikki Haley na reunião de emergência do Conselho de Segurança.
A reunião de emergência no sábado foi pedida pela Rússia, aliado tradicional do regime sírio liderado por Bashar al-Assad, horas depois da realização dos ataques. Pouco antes da reunião, o país distribuiu um projeto de resolução em que pedia à ONU que condenasse a “agressão” armada ocidental contra a Síria. A proposta foi chumbada.
Rússia, China e Brasil são três de 128 países que votaram pelo texto, oito países votaram contra e quatro se abstiveram.
A França anunciou em paralelo a apresentação em breve de uma nova resolução para ultrapassar “o impasse sírio”. “Vamos apresentar em breve um projeto de resolução com nossos parceiros britânicos e americanos”, declarou o embaixador francês nas Nações Unidas, François Delattre.
EUA respondem “às propagandas da Rússia”
O Departamento de Estado norte-americano divulgou um comunicado como resposta “às muitas propagandas da Rússia que andam por aí“, sobre a guerra da Síria e o uso de armas químicas do regime de Assad.
“Não há dúvidas sobre a regularidade do uso de armas químicas por parte de Assad. Desde 2014, a Organização para a Proibição de Armas Químicas atribuiu a responsabilidade ao governo sírio por múltiplos ataques com gás sarin e cloro“, lê-se no comunicado divulgado na página oficial do Departamento de Estado, no Twitter.
“A Rússia vetou seis vezes no Conselho de Segurança da ONU a condenação às ações de Assad”, acusou o Departamento de Estado norte-americano, denunciando ainda as autoridades russas de não terem cumprido a promessa de “garantir a remoção de armas químicas na Síria”.
Segundo o comunicado, Assad apenas conseguiu travar uma guerra contra o “próprio povo” devido ao apoio iraniano, que, segundo o Departamento de Estado, “forneceu financiamento, treino, munições e até linhas de crédito” ao governo sírio.
As autoridades norte-americanas reiteraram ter dado “uma chance à diplomacia”, declarando que esperavam “que ela conseguisse acabar com o horror dos ataques químicos”. “Mas, como vimos, isso não aconteceu“, assinala.
Entretanto, investigadores da Organização para a Proibição de Armas Químicas seguiram a Douma, perto da capital da Síria, para investigar o suposto ataque químico que desencadeou ataques ocidentais contra o regime de Damasco, segundo um oficial sírio.
“A missão de investigação chegou sábado a Damasco e espera-se que vá para Douma a fim de começar seu trabalho”, disse à agência France Presse o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Ayman Soussane.
A declaração surge depois de o regime de Bashar al-Assad ter anunciado o controle de todas as áreas rebeldes do leste de Ghouta, depois da saída dos últimos rebeldes da Douma. “Vamos deixar a equipe fazer seu trabalho profissional, objetiva, imparcial e longe de qualquer pressão”, afirmou, considerando que os resultados demonstrarão que são falsas as alegações de que é o regime sírio o culpado dos ataques.
Ciberia, Lusa // ZAP