O Líbano vive nesta quarta-feira (5) um dia de luto nacional, após as explosões na região portuária de Beirute, na tarde de ontem. A tragédia soma pelo menos 100 mortos, 4.000 feridos e 300.000 desabrigados.
Os danos afetaram quase metade da cidade, com prejuízos avaliados em mais de US$ 3 bilhões, de acordo com as estimativas do governador da capital, Marwan Abboud.
As autoridades libanesas ainda trabalham com a versão de que a explosão ocorreu por causa de um depósito de nitrato de amônia, um produto usado como fertilizante, mas também altamente explosivo. O Governo anunciou uma vasta investigação para buscar os responsáveis pela tragédia.
As primeiras informações revelam que entre os suspeitos a serem investigados estão o diretor do porto de Beirute e gerentes responsáveis pela estocagem de material. Há uma pressão muito grande por parte da população nas redes sociais para que as autoridades apontem os responsáveis, em um momento em que o país é palco de protestos antigoverno e anticorrupção, além de uma crise econômica sem precedentes.
A prioridade para o governo e as autoridades locais no momento é o resgate de sobreviventes. Grupos de socorristas anunciaram que buscam também corpos de vítimas no mar na região portuária.
Há um sentimento de solidariedade entre a população que oferece ajuda e doações de sangue nos hospitais, que enfrentam problemas de superlotação. Moradores também organizam doações de alimentos às famílias das vítimas, outros oferecem suas casas para abrigar pelas próximas noites aqueles que perderam suas moradias. Acostumados a passarem por situações de guerras e por crises, os libaneses são rápidos em organizar ações efetivas de ajuda em momentos como este.
Por enquanto, não há informações sobre vítimas brasileiras. A Embaixada do Brasil em Beirute não anunciou qualquer informação neste sentido.
Organizados em grupos de Whatsapp, brasileiros que moram no país trocam notícias entre si, para saber se conhecidos foram atingidos pela explosão. Com exceção de ferimentos leves, não há registro de vítimas brasileiras. Mas este cenário pode mudar, visto que muitos brasileiros possuem dupla cidadania e podem ter sido identificados como libaneses.
O Líbano precisa de ajuda internacional, por conta da imensa crise econômica e social que o país vive no atual momento. A população convive com cortes de energia elétrica e de água constantemente, enfrenta altos índices de desemprego e cerca de 50% dos libaneses encontram-se na linha da pobreza.
A pandemia do novo coronavírus só piorou a situação que já existia desde o ano passado. Já a explosão na zona portuária agrava a fraca infraestrutura do país, principalmente de hospitais. Certamente a ajuda internacional será bem recebida por Beiture.
Muitos países já ofereceram ajuda ao Líbano, incluindo a França, que enviará toneladas de equipamentos médicos nesta quarta-feira.
// RFI