O surto de dengue, zika e chikungunya que eclodiu no Brasil e em vários países no ano passado parece ter chamado atenção do homem mais rico do mundo, Bill Gates. Isso porque o executivo revelou na última semana que fechou um acordo com o governo e entidades dos Estados Unidos para investir US$ 18 milhões no combate ao Aedes aegypti.
Uma das principais metas é modificar geneticamente os mosquitos, tornando-os estéreis.
De acordo com o Gates, a maioria dos testes está sendo realizada na Antioquia (Colômbia), nos subúrbios do Rio de Janeiro e na Indonésia. Pesquisas também acontecem no Vietnã, onde os cientistas já observaram resultados positivos.
Os assessores do fundador da Microsoft afirmam que essa pode ser a iniciativa de saúde de maior impacto da Gates Foundation, organização que já destinou mais de US$ 500 milhões para estudar diversas doenças.
No caso do Aedes aegypti, a meta é contaminar o mosquito com uma bactéria chamada “Wolbachia”, presente em 60% dos mosquitos e insetos na natureza, mas não no Aedes. A ideia é que, uma vez estéreis, as próximas gerações do inseto não tenham a capacidade de transmitir o vírus causador das doenças.
Caso o plano seja bem-sucedido, a proteção da população nos locais mais afetados pode aumentar em até 40%, e resultados mais conclusivos serão divulgados até o final deste ano.
No Brasil, o executivo tentou encontrar parceiros para apoiar o desenvolvimento de vacinas, mas disse não ter conseguido fechar um acordo com institutos nacionais. “Há um grande trabalho no Brasil. Mas, por enquanto, não temos uma vacina”, destacou.
Além desses experimentos, Gates disse que está investindo em novos pesticidas. Entre 2005 e 2016, ele injetou US$ 100 milhões em um projeto de pesquisas no Reino Unido e já prometeu investir mais US$ 75 milhões para os próximos cinco anos. “Estamos fazendo muito esforço para lidar com o controle de vetores. Aqueles produtos que temos hoje, já criaram resistência [nos mosquitos]”, afirmou.
Segundo Gates, o financiamento passou por um debate na Organização Mundial de Saúde (OMS) para assegurar que esses novos químicos estejam dentro das normas estabelecidas.
Um estudo recente aponta que o maior risco do zika, por exemplo, é o de reverter os ganhos sociais dos últimos anos. O impacto da doença tem sido maior que os programas sociais de combate à pobreza, como o Bolsa Família, nas regiões mais carentes do país.
“No Brasil, os custos indiretos da microcefalia foram estimados em US$ 1,7 mil por mês, seis vezes o valor do benefício adicionado ao Bolsa Família para mães e crianças com microcefalia”, completou.
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