A bióloga brasileira Fernanda Werneck, de Brasília, acaba de entrar para o hall internacional da ciência.
A pesquisadora Fernanda Werneck é uma das 15 cientistas do mundo a integrar este ano a edição da “Rising Talents”, programa criado pela L’Oréal-Unesco para a promoção e incentivo do papel das mulheres na ciência.
A cientista brasileira recebe o prêmio em Paris por seus estudos sobre as mudanças climáticas e os riscos de extinção de diferentes espécies e populações.
A pesquisa dirigida pela bióloga evolutiva – que trabalha com a biodiversidade de anfíbios e répteis – investiga os possíveis efeitos do aquecimento global, os riscos de extinção e o potencial futuro dessas espécies.
No trabalho ela pesquisa como a temperatura afeta as espécies dos dois maiores ecossistemas da América do Sul, que são a Floresta Amazônica e o Cerrado – e a zona de transição entre eles, o chamado ecótono.
“Os animais dessa região dependem muito da temperatura ambiental para regular a temperatura do corpo e são mais suscetíveis às mudanças”, afirma Fernanda, que é mestre em Ecologia pela Universidade de Brasília e doutora em Biologia Integrativa pela Brigham Young University.
“Tentamos entender a diversidade genética dessas populações usando tecnologias de sequenciamento ultramodernas, que tem um alto custo laboratorial”, disse a brasileira em entrevista à RFI Brasil.
Segundo a pesquisadora do INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a ideia é utilizar ferramentas e abordagens ecológicas e evolutivas para entender como a biodiversidade veio a ser tão rica como ela é hoje.
O prêmio
A doutora em biologia comemorou o prêmio recebido. “Não é todo dia que temos a oportunidade de divulgar nosso trabalho, seus resultados e a importância desse tipo de pesquisa de base que nos permite entender nossas espécies para poder justamente preservá-las.”
Fernanda também falou sobre o aumento do número de mulheres brasileiras na ciência.
“Os resultados foram bem surpreendentes, já que indicam que o Brasil foi um dos países que mais avançou. Atualmente, 50% dos trabalhos científicos são de autoria feminina. Mas muito embora exista um certo avanço nesse sentido, sabemos que progressos podem ser facilmente revertidos”, alerta a pesquisadora.
E deu uma mensagem de incentivo a mulheres que pretendem seguir o mesmo caminho que ela: “Não desista, continue, por mais que o caminho possa vir a ser turbulento em alguns momentos. Não importa a região, a classe social, ou o gênero. O que nos precisamos é dos melhores cérebros”, concluiu.