A professora brasileira Rafaela Ferreira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ganhou um prêmio internacional que incentiva mulheres cientistas e recebeu nesta quinta-feira (22), em Paris, o International Rising Talents, organizado pela L’Oréal.
A professora pesquisa novas formas de combater doenças como Zika e a doença de Chagas. No ano passado, a pesquisadora já havia sido uma das sete mulheres laureadas pelo prêmio nacional Para Mulheres na Ciência, organizado pela mesma empresa.
Dessas sete cientistas, Rafaela foi indicada ao International Rising Talents e agora foi premiada junto a outras 14 pesquisadoras espalhadas por todo o mundo.
Os prêmios Para Mulheres na Ciência e International Rising Talents fazem parte de um movimento que pretende chamar atenção para a desigualdade de gênero nos meios científicos. “No mundo todo, apenas 30% dos cientistas são mulheres, ou seja, há uma subrepresentação da mulher nessa área”, disse Rafaela à revista Galileu.
Pesquisa
Atualmente, Rafaela lidera um grupo de pesquisa sobre planejamento racional de fármacos na UFMG. A equipe de pesquisadores procura propor, principalmente, novos tratamentos para doenças negligenciadas.
Suas pesquisas focam em tratamentos para a doença de Chagas, a febre por vírus Zika e a doença do sono. “Com a ajuda de técnicas computacionais, nós simulamos a interação de milhares de substâncias com as proteínas dos agentes que provocam essas doenças. Após encontrar as mais promissoras, fazemos experimentos para avaliar como elas realmente atuam e se comportam,” explica.
O objetivo das pesquisas é encontrar substâncias que inibem proteínas dos vírus e protozoários que transmitem as doenças. No caso da doença de Chagas, o principal alvo é a cruzaína, proteína responsável por manter funções vitais do protozoário Trypanosoma cruzi.
Para isso, o grupo de pesquisa de Rafaela testa as substâncias AMB7 e AMB12, que podem levar a criação de tratamentos mais seguros e eficazes. Desde a década de 1970, é usado o benzonidazol para tratar a doença de Chagas, um medicamento que pode provocar efeitos colaterais graves.
Em relação ao vírus Zika, a equipe de cientistas busca inibidores para de uma protease, um tipo de enzima capaz de ativar ou desativar certas funções do vírus. As pesquisas também podem trazer resultados para o tratamento da microcefalia laterais graves.
Cientista desde cedo
Rafaela começou a se interessar por ciência ainda no ensino médio do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Durante a adolescência ela também havia participado do Programa de Vocação Científica da Fiocruz, onde começou a desenvolver seus primeiros projetos de pesquisa em saúde.
O caminho era descobrir novas formas de tratar doenças que afetam principalmente as camadas mais pobres da população brasileira. Após a graduação em farmácia pela UFMG, Rafaela fez doutorado na Universidade da Califórnia, em São Francisco, nos Estados Unidos.
Rafaela retornou ao Brasil, fez pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e se tornou professora da universidade onde estudou.
A cientista vê a premiação como incentivo. “Esse tipo de incentivo é muito importante para a divulgação não só do meu trabalho, que ganhou mais visibilidade após o prêmio, mas de toda a área da saúde e da relevância de produzir pesquisas como um todo”, conclui.
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