Arrastada pela rua pelo companheiro, em plena luz do dia, a jovem Micaela de Osma se tornou o trágico símbolo da violência contra as mulheres no Peru. Tudo porque seu caso foi registrado em vídeo e divulgado nas redes sociais.
A violência contra as mulheres é um tema recorrente no Peru, mas o caso de Micaela de Osma, de 23 anos, está chocando particularmente o país porque foi filmado por uma vizinha e divulgado nas redes sociais.
As imagens mostram a jovem sendo arrastada pelo parceiro no meio da rua, em plena luz do dia, no bairro de Miraflores na capital peruana, Lima. Trata-se de um bairro onde vivem pessoas de classe alta, o que torna o caso ainda mais midiático.
Micaela de Osma apresentou queixa contra o namorado, o que é mais um dado peculiar, já que, na maioria dos casos, as mulheres não recorrem à polícia por medo dos agressores.
Ela contou que, antes de ser arrastada pela rua, o namorado a ameaçou com uma faca, durante uma crise de ciúmes, porque queria que ela lhe desse a senha do seu celular, segundo relata a BBC.
Micaela ainda conseguiu fugir, mas ele a alcançou e a arrastou pela calçada de volta ao apartamento onde viviam.
Martín Forsyth, de 29 anos, acabou preso no mesmo dia da agressão e foi acusado de tentativa de feminicídio. Mas ficou detido por apenas 48 horas, o máximo permitido por lei para este tipo de caso, refere a BBC Mundo.
O jornal peruano La República apurou que Martín Forsyth já tinha se envolvido em outra agressão a Micaela de Osma, na rua, em 2015, em uma situação que levou à chamada da polícia. Mas, na época, como manifestou arrependimento, não foi alvo de qualquer sanção.
Jornalista acusa comentarista de agressões
O caso de Micaela de Osma gerou uma onda de indignação no Peru e a ministra da Mulher e dos Povos Vulneráveis (MIMP), Ana María Choquehuanca, já pediu penas mais duras para os agressores, criticando a legislação atual.
O país vive mais dois casos midiáticos de violência contra mulheres. Um deles é o de uma jovem que ficou desfigurada depois de ter sido agredida pelo companheiro. O outro é protagonizado pela jornalista Lorena Álvarez que acusou o ex-companheiro, o comentarista econômico e reconhecido acadêmico Juan Mendoza, de agressões físicas e psicológicas.
Juan Mendoza nega as agressões que Lorena Álvarez revelou publicamente, e de forma muito emocionada, em uma entrevista televisiva.
Entretanto, o movimento “Ni una menos Perú” (“Nem uma a menos”), plataforma digital que recebe denúncias de violência contra mulheres e que as reporta às autoridades, já anunciou que vai organizar uma marcha contra a violência de gênero, no próximo dia 25 de novembro.
O movimento já organizou outras manifestações com o mesmo objetivo, no passado, com grande adesão da sociedade peruana.
Entre janeiro e junho de 2017, 59 mulheres foram assassinadas no Peru e 123 foram alvo de tentativas de homicídio. E mais de dois terços (68%) das mulheres peruanas foram alvo de algum tipo de violência física, psicológica ou sexual por parte dos parceiros, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas peruano.
O Peru tem o terceiro maior índice de casos de violência sexual do mundo, sendo, em paralelo, o país da América Latina com a mais elevada taxa de abandono escolar por causa de gravidezes precoces.
Ciberia // ZAP