Enquanto o atual governo anuncia cortes na educação e em pesquisa, a ciência brasileira segue, em paralelo, demonstrando o potencial que possui – e a dimensão da perda que tais cortes significarão.
Formada em Química pela Unicamp, a cientista Livia Schiavinato Eberlin – que aos 33 anos é chefe de um laboratório de pesquisa da Universidade do Texas, em Austin – desenvolveu uma ferramenta capaz de detectar células cancerígenas em questão de segundos.
No formato de uma espécie de caneta, o dispositivo extrai moléculas de tecidos humanos e aponta, através de análise do material coletado, a presença do câncer.
Apesar de ainda estar em desenvolvimento e estudo, os primeiros resultados do uso da tecnologia desenvolvida por Livia Eberlin nos EUA, onde mora há dez anos, tendo se mudado para cursar por lá seu doutorado, foram promissores, utilizando cerca de 800 amostras de tecido humano.
Batizada de MasSpec Pen, a caneta tem como principal função, segundo a cientista, confirmar, durante uma cirurgia, que todo o câncer foi de fato removido, de forma rápida e eficaz.
“Muitas vezes o tecido é retirado e analisado por um patologista ainda durante a cirurgia para confirmar se todo o tumor está sendo retirado, mas esse processo leva de 30 a 40 minutos e, enquanto isso, o paciente fica lá, exposto à anestesia e a outros riscos cirúrgicos”, explicou Livia. A caneta, que utiliza processos químicos e inteligência artificial para alcançar os resultados, nas primeiras análises alcançou uma precisão de 97%.
Em 2018, Livia foi uma das vencedoras da bolsa da fundação MacArthur – popularmente conhecida como “bolsa dos gênios”.
A MasSpec Pen agora precisa ser validada em novos testes clínicos, para poder enfim se tornar um instrumento de uso permitido de modo geral. Além de reduzir o tempo, a tecnologia pode baratear e tornar mais acessível resultados mais precisos de análise – que muitas vezes são a diferença entre a vida e a morte para um paciente em cirurgia.
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