Um grupo de cientistas da Universidade do Texas descobriu o “Big Bang” do mal de Alzheimer – o ponto exato em que uma proteína saudável se torna tóxica, mas ainda não formou emaranhados mortais no cérebro. Isso pode evitar o processo neurodegenerativo que leva à demência.
De acordo com os cientistas, a descoberta é como encontrar o “Big Bang” da doença e eles esperam que a pesquisa possa encontrar novos tratamentos e formas de diagnosticar a doença mais cedo, antes que apareçam os primeiros sintomas.
“Essa é, talvez, a maior descoberta que fizemos até agora”, disse Marc Diamond, um dos autores principais do novo estudo, em declarações ao New Atlas, “embora vá demorar provavelmente algum tempo até que qualquer benefício se materialize na medicina. Isso muda muito a forma como pensamos sobre a doença.”
As mais recentes pesquisas sobre o mal de Alzheimer se concentram em uma proteína específica chamada de beta amiloide. A agregação dessa proteína é apontada como a principal causa patológica dos sintomas dessa doença neurodegenerativa.
No entanto, e depois de várias falhas nos testes clínicos em medicamentos destinados a atacar a proteína, os cientistas direcionam a atenção para outras pesquisas.
Esse novo estudo, publicado na terça-feira (10) na eLife, se baseia em uma proteína diferente, a proteína tau. A pesquisa descobriu que essas proteínas formam aglomerados anormais no cérebro – os emaranhados neurofibrilares – que pode acumular e até matar neurônios. Alguns cientistas acreditam mesmo que essa é a principal causa do mal de Alzheimer.
Até agora, não se sabia como ou quando essas proteínas tau começavam a se acumular em emaranhados no cérebro. Anteriormente, acreditava-se que essas proteínas isoladas não tinham um papel prejudicial até que começassem a se juntar a outras proteínas tau.
No entanto, a nova pesquisa revelou que uma proteína tau tóxica se apresenta, na verdade, de forma desdobrada, expondo partes que geralmente são dobradas no interior, antes de começarem a se agregar. São essas partes expostas da proteína que permitem a agregação, formando os maiores emaranhados tóxicos.
“Pensamos nessa descoberta como o ‘Big Bang’ da patologia tau”, disse Diamond. “Essa é uma forma de olhar para o início do processo da doença. Isso nos leva de volta a um ponto inicial, onde vemos o aparecimento da primeira mudança molecular que leva à neurodegeneração no mal de Alzheimer.”
Agora que essa alteração das moléculas tau foi identificada, os cientistas podem se concentrar mais efetivamente em possíveis medicamentos que possam inibir essas agregações tóxicas ainda em fases iniciais.
“O desafio passa por pegar nessa descoberta e construir um tratamento que bloqueia o processo de neurodegeneração onde começa. Se funcionar, a incidência do mal de Alzheimer pode ser substancialmente reduzida. E isso seria incrível”, concluiu.
Ciberia // ZAP