Os vikings andaram vendendo bacalhau por toda a Europa

A análise de DNA extraído de restos de bacalhau da época medieval ajudou os cientistas a descobrir que os vikings comerciavam peixe em toda a Europa há mais de mil anos.

“O comércio de peixe começou a ligar diferentes partes da Europa nos tempos medievais. Hedeby foi um dos mais importantes centros de comércio no início da época medieval. Era um lugar onde o norte se encontrava com o sul, o cristão com o pagão, povos civilizados com bárbaros, que não reconheciam o dinheiro”, explica o cientista James Barrett da Universidade de Cambridge (Reino Unido) em um artigo publicado na revista PNAS.

Nos últimos anos os cientistas descobriram muito sobre a vida na Europa e em outras partes do mundo nos tempos pré-históricos, antes da invenção da escrita, através da extração de DNA dos restos de seres humanos e de animais, em uma espécie de “fusão” da química e arqueologia.

Os geneticistas, arqueólogos e químicos descobriram quando os seres humanos começaram a consumir leite, a criar gado, quando os primeiros europeus começaram a produzir queijo e cerveja e concluíram também que os primeiros vikings surgiram na Escandinávia há pelo menos 10 mil anos.

Barrett e os seus colegas descobriram mais um segredo da história antiga, ligado à chegada dos primeiros vikings, que prova a teoria popular de que os escandinavos eram originalmente comerciantes e se tornaram conquistadores e piratas mais tarde.

Os cientistas chegaram a esta conclusão depois de terem analisado o DNA de restos de bacalhau encontrados em Hedeby – o maior centro de comércio no norte da Europa medieval, localizado no norte da Alemanha, junto à atual fronteira com a Dinamarca.

Devido ao clima fria e outras condições favoráveis, o DNA nos restos do bacalhau ficou bem preservado e os cientistas conseguiram descobrir onde tinha sido apanhado o peixe. Para grande surpresa, o peixe encontrado em Hedeby fora pescado a quase mil quilômetros dessa cidade antiga, próximo das ilhas Lofoten (Noruega) e nas águas antárticas do Atlântico.

Segundo Barrett, a descoberta pode ser interessante por várias razões. Em primeiro lugar, os vikings começaram a secar bacalhau e a viajar a grandes distâncias para o vender ou trocar por outras mercadorias no sul. Isso significa que os primeiros laços comerciais na Europa surgiram mais cedo do que os cientistas pensavam.

Mais do que isso, a descoberta prova que as tradições de produção do famoso bacalhau da Noruega surgiram nas ilhas Lofoten e não mudaram significativamente até hoje. Os vikings poderiam ter começado a produzir bacalhau seco no século V depois de Cristo. Tudo isso faz o processo de transformação dos vikings de comerciantes pacíficos em guerreiros mais interessante, sublinham os cientistas.

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