Os tumores difíceis de tratar com quimioterapia podem vir a ser atacados com sucesso com um novo tratamento que combina ondas de choque sónicas com nanopartículas, propõe um estudo divulgado esta quarta-feira (10).
As nanopartículas (partículas microscópicas artificiais) podem ser portadoras eficazes de fármacos até o local exato do tumor através da corrente sanguínea, reduzindo os efeitos secundários tóxicos associados à quimioterapia tradicional e aumentando a eficácia dos tratamentos.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Turim, na Itália, e divulgado na Endocrine-Related Cancer.
No entanto, em alguns cânceres, a administração de remédios pode ser comprometida devido à interrupção do fluxo sanguíneo do tumor.
Por isso, os pesquisadores associaram às nanopartículas ondas de choque extracorporais (ESW), ondas sonoras que podem ser concentradas e apontadas com alta precisão, de modo que as células cancerígenas absorvam facilmente os medicamentos.
As nanopartículas criadas para o novo tratamento, que se encontra em ensaios pré-clínicos, são descritas como “bolhas” que contém os fármacos libertando com precisão nas células alvo.
Os pesquisadores testaram o tratamento em ratos com carcinoma anaplásico da tiroide (CAT), um tipo de câncer muito agressivo, raro e difícil de tratar. Após o diagnóstico, a taxa média de sobrevivência é de apenas cinco meses.
Até agora, não existe um terapia padrão para o CAT e o único fármaco aprovado, a doxorrubicina (utilizada na quimioterapia), tem efeitos secundários graves e é benéfico em menos de 22% dos casos.
Os cientistas da Universidade de Turim mediram o volume do tumor uma vez por semana durante 21 dias, e verificaram que a doxorrubicina ministrada com o novo tratamento reduziu significativamente o volume tumoral, em comparação com outros métodos com recurso a nanopartículas, mas sem ondas de choque.
O tratamento combinado resultou também em um maior teor de doxorrubicina ministrado diretamente nas células cancerígenas.
Os efeitos secundários mais frequentes do tratamento com doxorrubicina são os danos aos tecidos cardíacos, que foram significativamente menores nos animais tratados com nanopartículas, em relação aos verificados com os tratamentos tradicionais.
“Esta poderia ser uma estratégia viável para o tratamento deste e outros tumores sólidos agressivos em que a quimioterapia padrão permanece como única opção”, disse Maria Graziella Catalano, que liderou a equipe de pesquisadores.
“Dados os resultados promissores deste estudo pré-clínico e a falta de uma terapia padrão para o CAT, o próximo passo será a realização de ensaios clínicos com a esperança de melhorar o tratamento do câncer e qualidade de vida dos pacientes”, acrescentou.
// ZAP