Ondas de choque sônicas e nanopartículas podem ser a chave contra o câncer

Gerolf Nikolay / Flickr

-

Os tumores difíceis de tratar com quimioterapia podem vir a ser atacados com sucesso com um novo tratamento que combina ondas de choque sónicas com nanopartículas, propõe um estudo divulgado esta quarta-feira (10).

As nanopartículas (partículas microscópicas artificiais) podem ser portadoras eficazes de fármacos até o local exato do tumor através da corrente sanguínea, reduzindo os efeitos secundários tóxicos associados à quimioterapia tradicional e aumentando a eficácia dos tratamentos.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Turim, na Itália, e divulgado na Endocrine-Related Cancer.

No entanto, em alguns cânceres, a administração de remédios pode ser comprometida devido à interrupção do fluxo sanguíneo do tumor.

Por isso, os pesquisadores associaram às nanopartículas ondas de choque extracorporais (ESW), ondas sonoras que podem ser concentradas e apontadas com alta precisão, de modo que as células cancerígenas absorvam facilmente os medicamentos.

As nanopartículas criadas para o novo tratamento, que se encontra em ensaios pré-clínicos, são descritas como “bolhas” que contém os fármacos libertando com precisão nas células alvo.

Os pesquisadores testaram o tratamento em ratos com carcinoma anaplásico da tiroide (CAT), um tipo de câncer muito agressivo, raro e difícil de tratar. Após o diagnóstico, a taxa média de sobrevivência é de apenas cinco meses.

Até agora, não existe um terapia padrão para o CAT e o único fármaco aprovado, a doxorrubicina (utilizada na quimioterapia), tem efeitos secundários graves e é benéfico em menos de 22% dos casos.

Os cientistas da Universidade de Turim mediram o volume do tumor uma vez por semana durante 21 dias, e verificaram que a doxorrubicina ministrada com o novo tratamento reduziu significativamente o volume tumoral, em comparação com outros métodos com recurso a nanopartículas, mas sem ondas de choque.

O tratamento combinado resultou também em um maior teor de doxorrubicina ministrado diretamente nas células cancerígenas.

Os efeitos secundários mais frequentes do tratamento com doxorrubicina são os danos aos tecidos cardíacos, que foram significativamente menores nos animais tratados com nanopartículas, em relação aos verificados com os tratamentos tradicionais.

“Esta poderia ser uma estratégia viável para o tratamento deste e outros tumores sólidos agressivos em que a quimioterapia padrão permanece como única opção”, disse Maria Graziella Catalano, que liderou a equipe de pesquisadores.

“Dados os resultados promissores deste estudo pré-clínico e a falta de uma terapia padrão para o CAT, o próximo passo será a realização de ensaios clínicos com a esperança de melhorar o tratamento do câncer e qualidade de vida dos pacientes”, acrescentou.

// ZAP

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Jogos de cartas: o passatempo favorito de muitas pessoas

A sorte, o blefe, a convivência com os amigos e as vitórias inesperadas e saborosas, tornam os jogos de cartas populares em todo o mundo. Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente mostra que “quatro em cada …

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …