Cientistas desligam autofagia dos neurônios e aumentam longevidade em 50%

Niharb / Flickr

A inibição neuronal do complexo de nucleação da autofagia prolongou o tempo de vida dos vermes C.elegans

Imagine viver mais… aumentar a vida em 50%, além da expectativa atual. Sim, aparentemente isso é possível.

Pesquisadores do Instituto de Biologia Molecular de Mainz, na Alemanha, fizeram uma grande descoberta na compreensão da origem do processo de envelhecimento.

Em experimentos que foram feitos em animais de laboratório, os cientistas descobriram que os mesmos genes que promovem a saúde e melhoram a aptidão física nos jovens, também coordenam o processo de envelhecimento tardio.

Os genes em questão pertencem a um processo chamado autofagia – um dos processos de sobrevivência mais críticos das células. A equipe “desativou” esses genes nos animais mais velhos e desligou o processo de autofagia.

Isso aumentou a longevidade, com uma forte melhora na saúde neuronal e, subsequentemente, do corpo inteiro. “A inibição neuronal do complexo de nucleação da autofagia prolongou o tempo de vida dos vermes C. elegans na fase pós-reprodutiva,” resumiu Holger Richly, autor principal da pesquisa.

A equipe acredita que estes resultados poderão ajudar no tratamento de distúrbios neurodegenerativos tipicamente associados à idade, como doença de Alzheimer, Parkinson e Huntington, uma vez que a autofagia está envolvida nesses processos.

Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Genes & Development.

Retardar o envelhecimento

A equipe de Holger Richly conseguiu rastrear a origem dos sinais pró-longevidade até um tecido específico, chegando aos neurônios. Ao inativar a autofagia nos neurônios dos vermes mais velhos, eles não só conseguiram prolongar a vida dos animais, como também melhorar dramaticamente sua saúde geral.

“Imagine alcançar o ponto intermediário da sua vida e tomar um medicamento que o deixe em forma e com a mobilidade de alguém com a metade da sua idade, então você vive mais. Foi assim com os vermes,” relatou o pesquisador Thomas Wilhelm.

“Nós desligamos a autofagia em apenas um tecido e todo o animal recebeu um impulso fortalecedor. Os neurônios ficaram muito mais saudáveis nos vermes tratados e acreditamos que é isso o que mantém os músculos e o resto do corpo em boa forma. O resultado líquido é uma extensão de vida em 50%.”

Os cientistas ainda não sabem qual é o mecanismo exato que faz com que os neurônios se mantenham saudáveis por mais tempo, mas eles estão esperançosos de que os resultados tenham implicações no mundo real.

Ainda será necessário chegar até os humanos, mas os resultados trazem uma esperança de que seja possível aumentar significativamente a longevidade do homem.

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …