Metano detectado na lua de Saturno poderia ser indício de vida extraterrestre, revela novo estudo

NASA / JPL-Caltech

A presença de metano em Encélado, uma das 82 luas que orbitam Saturno, pode ser um sinal de que existe vida no fundo do mar deste satélite natural, indica novo estudo.

Microrganismos semelhantes aos da Terra, ou um processo geoquímico desconhecido, poderiam estar por trás da produção de metano no oceano oculto sob a camada gelada de Encélado, sugere um estudo publicado na revista Nature Astronomy por cientistas da Universidade do Arizona e da Universidade de Ciências e Letras de Paris.

Por baixo da capa gelada do satélite natural há um vasto oceano subterrâneo, cuja presença se manifesta nas enormes colunas de água que jorram através do gelo.

Enquanto explorava Saturno e suas luas, a sonda Cassini voou através destas colunas e coletou amostras da sua composição química, detectando uma concentração relativamente elevada de certas moléculas, associadas às aberturas hidrotermais no fundo dos oceanos da Terra, especificamente di-hidrogênio, metano e dióxido de carbono.

Particularmente inesperada foi a quantidade de metano identificada no local, apontam cientistas em comunicado.

“Queríamos saber: poderiam micróbios semelhantes aos da Terra, que ‘comem’ o di-hidrogênio e produzem metano, explicar a quantidade surpreendentemente grande de metano detectado pela Cassini?”, disse Régis Ferrière um dos principais autores do estudo e professor associado do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Arizona.

Segundo o cientista, a busca de tais micróbios, conhecidos como metanógenos, no fundo do mar de Encélado exigiria “missões de imersão profunda extremamente desafiadoras que não são viáveis nas próximas décadas”.

Ferrière e a sua equipe tomaram um caminho diferente: eles elaboraram modelos matemáticos que combinam geoquímica e ecologia microbiana para calcular a probabilidade de diferentes processos, incluindo a metanogênese biológica, que poderiam explicar os dados da Cassini.

Os resultados sugerem que os níveis de metano detectados em Encélado são muito superiores aos que poderiam ser explicados por processos geoquímicos conhecidos.

“Obviamente, não estamos concluindo que existe vida no oceano de Encélado“, disse Ferrière. O pesquisador detalha que sua equipe queria “entender qual seria a probabilidade de as aberturas hidrotermais de Encélado serem habitadas por microrganismos similares aos da Terra”.

“É muito provável, segundo dados da Cassini e nossos modelos”, indica o cientista, acrescentando que a metanogênese biológica “parece ser compatível com os dados”.

“Em outras palavras, não podemos descartar a hipótese de existência de vida como sendo altamente improvável. Para rejeitar a hipótese de vida, precisamos de mais dados de missões futuras”, sublinha Ferrière.

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