Cientistas descobriram a existência de complexas moléculas baseadas em carbono nas águas de Encélado, a sexta maior lua de Saturno, constantemente coberta de gelo, sendo muito parecida com uma (quase perfeita) bola de neve.
Até agora, tais moléculas só tinham sido encontradas na Terra e em alguns meteoritos. Acredita-se que tenham sido formadas por reações entre a água e rochas mornas em um oceano subterrâneo de Encélado.
Embora isso não seja um sinal de existência de vida, indica que a sexta maior lua de Saturno pode ser capaz de abrigar organismos que já existam. A descoberta foi feita pela análise de dados recolhidos pela sonda Cassini.
“Essas enormes moléculas contêm uma complexa rede geralmente constituída por centenas de átomos”, diz Frank Postberg, autor do estudo publicado esta semana na revista Nature. “Trata-se da primeira detecção da história de organismos dessa complexidade em um ambiente aquático extraterrestre”, acrescenta.
Na Terra, geralmente, essas moléculas são criadas biologicamente, mas pode não ser o caso nesta lua de Saturno. “São precursoras necessárias para a vida”, explica Postberg.
Mas, no que diz respeito à descoberta em Encélado, “até o momento não sabemos se esses organismos são irrelevantes biologicamente ou se são sinais de vida ou de química prebiótica”.
Para que exista vida, é necessário haver água líquida, energia, matéria orgânica (compostos de carbono) e um grupo particular de elementos (hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre).
O fósforo e o enxofre nunca foram encontrados em Encélado, mas os outros ingredientes estão presentes por lá.
A Cassini nunca foi projetada para detectar vida. Na verdade, a missão espacial foi lançada antes mesmo de os cientistas terem descoberto peculiares fontes de água que emergem do polo sul dessa lua de Saturno.
A sonda se desintegrou em 2017, depois de ter passado 13 anos explorando Saturno – e ter documentado, em 2005, a existência de gêiseres de água congelada.
Um detalhe importante é que já existe na Terra uma tecnologia capaz de distinguir se as moléculas encontradas em Saturno têm origem biológica. Por isso, “o próximo passo lógico é voltar em breve a Encélado para descobrir se há vida extraterrestre por lá”, diz Postberg.