Uma relação entre a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 e o aparecimento de uma forma rara de coágulos sanguíneos é “plausível, mas não confirmada”. Essa foi a conclusão divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira, em resposta ao registro de vítimas de efeitos colaterais. Mas as autoridades europeias informaram que, apesar dessa constatação, o imunizante continuará sendo administrado na população.
“São necessários estudos especializados para compreender plenamente a relação potencial entre a vacinação e possíveis fatores de risco”, ressaltaram, em comunicado, os especialistas da área das vacinas da OMS. Eles insistiram que estes fenômenos, “apesar de preocupantes, são muito raros“.
Os peritos da organização também recomendam a criação de um comitê de médicos, incluindo hematologistas, para orientar sobre a melhor forma de diagnosticar e tratar os casos de trombose atípica registrados após a inoculação do produto do laboratório sueco-britânico.
Os casos de trombose despertaram uma onda de inquietação, especialmente na Europa, em grande parte por causa das divergências entre os diferentes países do bloco. Após suspensões temporárias, França, Alemanha e Holanda recomendaram não usar essa vacina em jovens.
Mas nessa quarta-feira, após a conclusão da OMS, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) reafirmou seu apoio à vacina da AstraZeneca. As autoridades do bloco afirmaram que os coágulos sanguíneos são um efeito colateral “muito raro”, e encorajaram os países a continuarem administrando o imunizante.
Balaço risco/benefício positivo
O balanço entre riscos e benefícios permanece “positivo“, de acordo com um comunicado da autoridade europeia. A diretora-executiva da EMA, Emer Cooke, destacou que esses trombos podem ser uma resposta imunológica, embora “não tenha sido possível confirmar fatores de risco específicos como idade, sexo, ou histórico médico”.
Ao mesmo tempo, o comitê científico que assessora o governo britânico recomendou que o imunizante da AstraZeneca seja usado apenas em pessoas com mais de 30 anos, como “precaução”. “Adultos com entre 18 e 29 anos (…) devem receber uma vacina alternativa (…) quando disponível”, disse o professor Wei Shen Lim.
De acordo com o regulador britânico de medicamentos, dos 79 casos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas com a vacina AstraZeneca relatados no Reino Unido, 19 foram fatais.
Desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, a vacina é administrada em pelo menos 111 países, entre eles o Brasil. Os imunizantes da Pfizer/BioNTech, que custam mais caro e exigem condições de estocagem mais difíceis, são aplicados em 67 países, enquanto o produto da Moderna é usado em pelo menos 39 países.
Mais de 200 milhões de pessoas já receberam a vacina AstraZeneca.
// RFI