Uma ‘vulva ferida‘ de 33 de metros de altura, 16 de largura e seis metros de profundidade foi construída em um museu a céu aberto no agreste pernambucano.
A artista plástica responsável, Juliana Notari, batizou a peça de ‘Diva‘ e diz, em entrevista ao Metrópoles, que a arte tem como objetivo “dialogar com questões que remetem a problematização de gênero, a partir de uma perspectiva feminina aliada a uma cosmovisão que questiona a relação entre natureza e cultura na nossa sociedade ocidental falocêntrica e antropocêntrica”.
O trabalho chamou atenção nas redes sociais e acabou recebendo um retorno negativo. A artista, que não esperava tantos ‘haters‘, acredita que tal resposta esteja relacionada com o tema de gênero, mas há quem argumente que o problema não é o órgão feminino exposto, mas sim o fato de que Juliana não teve um pensamento inclusivo e interseccional em sua criação.
Juliana reconheceu a importância do debate sobre o assunto, mas reprovou a onda de ódio, que segundo ela “vem do momento em que estamos vivendo, marcado pela ‘destruição do diferente’”, Ela completou, em conversa com o Metrópoles, que muitas pessoas “revertem o significado dos questionamentos e os criminalizam com uma mentalidade completamente equivocada”.
‘Diva‘ é fruto de um trabalho performático feito em paredes por Juliana Notari. A imagem, de acordo com ela, trabalha questões de gênero e a natureza. Para ela, a vagina representa algo sagrado.
A execução da obra contou com a mão-de obra de 20 engenheiros, em sua maioria negros, para dar vida à peça, que levou mais de 11 meses para ficar pronta no parque artístico botânico Usina de Arte, em Água Preta, no município da Zona da Mata Sul, em Pernambuco.
Construído em uma antiga usina de cana-de-açúcar, o parque é uma “livre reprodução de Inhotim”, e tem como objetivo ressignificar o local a partir da arte, imprimindo riqueza cultural a um espaço que carrega uma herança histórica marcada pela dominação e pelo patriarcado.
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