(dr) Craig Foster

Uma das pinturas encontrados na gruta
Se é um dos primeiros desenhos feitos por humanos não sabemos, mas é o mais antigo encontrado até agora. Um grupo de pesquisadores encontrou a arte na Caverna Blombos, na África do Sul.
Uma equipe de cientistas descobriu um desenho abstrato mais antigo conhecido na Caverna Blombos, na África do Sul, num pedaço de uma rocha datada de há 73 mil anos. O desenho é, pelo menos, 30 mil anos mais velho do que os primeiros desenhos abstratos e figurativos conhecidos até agora.
A tarefa de analisar as primeiras produções gráficas não é nada fácil. Aliás, o que hoje interpretamos como representações figurativas, poderiam ter sido apenas rabiscos casuais sem um propósito especial.
Durante muito tempo, os arqueólogos estavam convencidos de que os primeiros símbolos surgiram quando o Homo sapiens colonizou áreas da Europa, há 40 mil anos. No entanto, descobertas arqueológicas recentes, encontradas na África, na Europa e na Ásia, sugerem que a criação e o uso de símbolos começou muito antes.
Segundo a New Scientist, a mais antiga gravura conhecida é um zigue-zague esculpido na concha de um mexilhão de água doce, encontrado em Java, dentro de uma camada arqueológica de 540 mil anos atrás.
Neste estudo recente, uma equipe internacional – que inclui cientistas da Universidade de Bordeaux, da Universidade de Toulouse-Jean Jaurès, do Centro Nacional da Pesquisa Científica francês e do Ministério da Cultura da França – explicou que o mais antigo desenho conhecido foi feito com um pedaço de ocre, utilizado como um lápis.
O rabisco foi identificado na superfície de um pequeno pedaço de rocha siliciosa (silcrete), enquanto os pesquisadores analisavam ferramentas de pedra recolhidas durante uma escavação na caverna sul-africana. O fragmento de silício vem de uma camada arqueológica com 73 mil anos, e tem um padrão cruzado composto por nove linhas finas.
O grande desafio que os cientistas tiveram foi provar que essas linhas foram deliberadamente desenhadas por humanos.
Para chegar à conclusão, especialistas em análise química de pigmentos, que participaram no estudo, reproduziram as mesmas linhas através de várias técnicas – como, por exemplo, desenhar com fragmentos pontiagudos de ocre ou aplicar diferentes soluções aquosas de ocre com um pincel.
Ao mesmo tempo, aplicaram técnicas de análise microscópica, química e tribológica e compararam os resultados com o desenho original. As descobertas confirmaram que as linhas foram mesmo desenhadas intencionalmente com um objeto pontiagudo sobre uma superfície alisada através da fricção.
Este padrão constitui, então, o desenho mais antigo da história da humanidade. O artigo científico foi publicado nesta quarta-feira (12) na Nature.
“As observações apoiam a hipótese de que estes sinais eram de natureza simbólica e representavam um aspecto do comportamento do mundo moderno destes Homo sapiens, os antepassados de todos nós”, considera Christopher Henshilwood, arqueólogo sul-africano.
Ciberia // HypeScience / ZAP