A Academia Sueca entregará dois prêmios Nobel de Literatura em 2019, um correspondente a este ano e outro relativo a 2018 devido ao escândalo de vazamentos e abusos na instituição, confirmou nesta terça-feira seu secretário provisório, Anders Olsson.
“Haverá dois prêmios Nobel como esperávamos, também será entregue o prêmio reservado ao ano passado”, declarou Olsson ao site do jornal “Dagens Nyheter”, o principal da Suécia, ao término de uma reunião da junta diretiva da Fundação Nobel.
A Academia Sueca tinha anunciado em maio do ano passado o adiamento do Nobel de Literatura, algo que não acontecia há sete décadas, pela perda de “confiança” do mundo exterior na própria instituição, devido à crise que provocou a renúncia de alguns de seus membros.
A instituição mostrou na época sua intenção de entregar dois prêmios em 2019, mas a decisão final ficou nas mãos da Fundação Nobel, que exigia reformas no funcionamento da Academia Sueca para aceitar essa solução.
“Estou muito contente por receber essa mensagem hoje, que significa que também poderemos trabalhar com tranquilidade com os prêmios e que todos os membros do Comitê Nobel estarão mais motivados para esse trabalho”, disse Olsson à agência sueca “TT”.
Dezoito mulheres denunciaram em novembro de 2017 ao “Dagens Nyheter” abusos de uma “personalidade cultural” próxima da Academia Sueca, depois identificada como o francês Jean-Claude Arnault, marido da poetisa e acadêmica Katarina Frostenson.
A instituição cortou a relação e encomendou uma auditoria, que concluiu que tinham ocorrido vazamentos e que o apoio econômico recebido pelo clube literário que dirigia Arnault descumpria as regras de imparcialidade, já que sua esposa era coproprietária.
A falta de um acordo sobre as medidas que deveriam ser tomadas e a situação de Frostenson desencadearam uma onda de renúncias, trocas de acusações entre dois grupos em conflito e o adiamento da entrega do Nobel de Literatura pela primeira vez em sete décadas.
Entre os nomes que deixaram a instituição está Sara Danius, ex-secretária permanente que na semana passada anunciou sua saída definitiva, dez meses depois de deixar o posto.
A Academia Sueca promoveu nos últimos meses várias reformas de seus estatutos e elegeu cinco novos membros.
Arnault foi condenado em dezembro pelo Tribunal de Apelação de Estocolmo a dois anos e meio de prisão por dois casos de estupro de uma mulher em outubro de 2011, mas recorreu ao Supremo.
// EFE