O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aconselhou o Reino Unido a não pagar a conta da separação da União Europeia, um montante que poderia chegar a € 45 bilhões, caso as negociações com Bruxelas não atendam às expectativas de Londres.
As declarações foram publicadas neste domingo (2) pelo jornal The Sunday Times, na véspera de uma visita de três dias que o líder americano fará à Inglaterra. “Se você não conseguir o acordo que você quer, eu sairia”, afirmou o republicano, na entrevista.
“Se eu fosse eles, não pagaria US$ 50 bilhões de dólares”, disse o presidente, em referência ao valor anunciado por Londres como previsto no orçamento plurianual europeu em curso (2014-2020), que inclui um período de transição, acertado no acordo de divórcio.
O projeto foi firmado em novembro entre os britânicos e a União Europeia, mas ainda não foi ratificado. O presidente sugeriu que um dos principais defensores do Brexit, o populista Nigel Farage, negocie a saída do bloco europeu. Elogiado por Trump na entrevista, Farage foi o vencedor das eleições europeias no Reino Unido, na semana passada. “Eu tenho muita estima por ele. Ele tem muito a oferecer”, avalia Trump.
A viagem oficial do americano começa nesta segunda-feira (3), com um encontro com a rainha Elizabeth II. Estão previstos grandes protestos contra Trump, que não se constrangeu a comentar a política interna britânica nos últimos dias.
O presidente americano prometeu fechar rapidamente um acordo comercial bilateral entre os Estados Unidos e o Reino Unido, assim que o Brexit se concretizar. “Fazemos muito pouco em relação ao que poderíamos fazer com o Reino Unido – que eu acho que será bem mais do que com a União Europeia”, comentou, ao Sunday Times.
A saída do Reino Unido da UE estava prevista para 29 de março, mas foi adiada para 31 de outubro, depois que a primeira-ministra Thereza May não conseguiu aprovar o projeto de acordo no Parlamento britânico. Por conta do fracasso, ela vai deixar o governo nesta semana, na sexta-feira (7).
No sábado, Trump defendeu, em outra entrevista, que o ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson, apoiador do Brexit, deveria assumir o cargo de premiê. “Ele faria um ótimo trabalho”, disse o americano, ao tabloide The Sun.
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