Na véspera do voto do segundo processo de impeachment lançado pelos democratas contra Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos vai até ao Texas nesta terça-feira para exaltar sua política de imigração e a construção do muro na fronteira com o México. Esta é sua primeira aparição pública depois do seu exaltado discurso de quarta-feira passada, que resultou na invasão do Congresso por centenas de militantes trumpistas.
Desde a invasão do Congresso americano em Washington, Trump está mais isolado do que nunca. A ida ao Texas será, sem dúvida, uma de suas últimas viagens como presidente.
A visita tem um duplo objetivo. Em primeiro lugar, diante da multiplicação de pedidos por sua demissão imediata, o republicano mostra sua determinação em ocupar a Casa Branca até o último dia de seu mandato, em 20 de janeiro próximo. S
em poder utilizar seu canal de comunicação preferido depois que o Twitter suspendeu sua conta há alguns dias, Trump também terá a oportunidade de falar diretamente com seus partidários.
“Ele não vai desistir e vai continuar até o fim de seus dias a não aceitar o resultado da eleição, alegando fraudes”, prevê James Cohen, professor da Universidade Sorbonne Nouvelle de Paris, especialista em imigração e assuntos de fronteiras dos Estados Unidos, em entrevista à jornalista Jelena Tomic, do serviço internacional da RFI.
O especialista acredita que Trump “tentará criar uma base militante à direita ou à margem da direita do Partido Republicano. Também há senadores e deputados que ainda estão no cargo e que também vão tentar consolidar esse segmento extremista do Partido Republicano”.
O discurso do presidente americano nesta terça-feira acontece em Fort Alamo para celebrar a conclusão de uma nova parte do muro que ainda está em construção na fronteira com o México, informa o enviado especial da RFI, Éric de Salve, a Harlingen, no sul do Texas. A barreira era uma das principais promessas de campanha da Trump e só foi realizada pela metade.
Gasto de US$ 18 milhões
Ao contrário do que o republicano havia afirmado na época, o México nunca pagou um centavo para a construção do muro que já custou US$ 18 milhões aos cofres públicos americanos. A maioria dos novos trechos erguidos apenas substituiu ou reforçou partes já existentes. Somente 12 km foram realmente erguidos em terrenos descampados.
“Ele não conseguiu obter do Congresso os fundos necessários”, lembra James Cohen. “O presidente teve que brigar e burlar um pouco a lei para pagar cerca de US$ 10 bilhões aos militares. Ele sempre sustentou que o muro servia para bloquear os imigrantes, os candidatos ao asilo e também o tráfico de drogas. Mas na verdade, sabemos que a maioria da droga entra nos Estados Unidos em veículos que chegam ao país pelas rodovias. Quanto aos imigrantes, foi a política de Trump que os obrigou a ficar no México, contrariando a lei americana e o direito internacional”, explica o professor da Sorbonne Nouvelle.
Assim que Donadl Trump deixar a Casa Branca, a construção do muro na fronteira com o México será interrompida. O presidente eleito Joe Biden não deseja dar continuidade a este polêmico projeto. No entanto, os 700 km de barreiras de metal já construídos não serão demolidos pela nova administração democrata.
// RFI