Os buracos negros já fazem parte do conhecimento popular há décadas. Sabemos que são lugares no espaço de onde nada, nem mesmo partículas que se movem à velocidade da luz, consegue escapar.
Sabemos também que há um buraco negro enorme no meio da nossa Via Láctea – assim como em outras galáxias. Apesar disso, nunca vimos um. Segundo os especialistas, 2018 será o ano em que isso finalmente vai acontecer.
Albert Einstein previu a existência de buracos negros na Teoria da Relatividade Geral, mas mesmo o físico não estava 100% convencido de que realmente existissem. Até agora, ninguém conseguiu produzir evidências concretas de que de fato existam.
A esperança dos cientistas para mudar isso está no Event Horizon Telescope (EHT). Apesar do nome, o EHT não é só um telescópio, mas uma rede de telescópios em todo o mundo. Em conjunto, os dispositivos podem fornecer todos os componentes necessários para que finalmente sejamos capazes de capturar a imagem de um buraco negro.
Para fazer isso, seria preciso um telescópio mais ou menos do tamanho da Terra – e é mais ou menos isso que o EHT é, na prática.
“Primeiro, é necessário uma ampliação ultra-alta – o equivalente a contar as covinhas em uma bola de golfe em Los Angeles quando está sentado em Nova York”, compara o diretor do EHT, Sheperd Doeleman. “Em seguida, é necessária uma forma de ver o gás na Via Láctea e o gás quente que envolve o próprio buraco negro. Isso requer um telescópio tão grande como a Terra, que é onde o EHT entra”.
A equipe do EHT criou um “telescópio virtual de tamanho terrestre”, explica Doeleman, usando uma rede de radiotelescópios individuais espalhados pelo planeta. Os cientistas sincronizaram os telescópios para que observassem o mesmo ponto no espaço ao mesmo tempo e fossem capazes de gravar as ondas de rádio detectadas.
A ideia é que a imagem produzida pela combinação destes dados seja comparável a uma que poderia ter sido criada usando um único telescópio de tamanho terrestre.
O primeiro teste começou em abril de 2017. Ao longo de cinco noites, oito telescópios em todo o mundo ficaram de “olhos” em Sagitário A* (Sgr A*), um ponto no centro da Via Láctea que os astrônomos acreditam ser a localização de um buraco negro supermaciço.
Os dados do Telescópio do Polo Sul chegaram ao Observatório Haystack, do MIT, apenas em dezembro, devido à falta de voos de carga na região.
Agora que a equipe tem os dados dos oito telescópios, podem começar a análise com a esperança de produzir a primeira imagem de um buraco negro.
Uma imagem de um buraco negro não só provaria definitivamente que eles existem, como também revelaria novas informações sobre o universo, principalmente em escalas maiores.
“Acredita-se que os buracos negros supermaciços no centro das galáxias e as galáxias em que vivem evoluem ao longo dos tempos cósmicos, de modo que observar o que acontece perto do horizonte de evento nos ajudará a compreender o universo em escalas maiores”, diz Doeleman.
O cientista acrescenta que, no futuro, os pesquisadores deverão ser capazes de fazer imagens de um único buraco negro ao longo do tempo. Isso permitiria aos cientistas determinar se a teoria da relatividade geral de Einstein é verdadeira ou não na fronteira do buraco negro, além de estudar como os buracos negros crescem e absorvem a matéria.
Por mais empolgante que a pesquisa pareça, as observações do buraco negro em Sagitário A* são apenas as primeiras usando o EHT, e Doeleman mantém as expectativas sob controle.
“Não temos garantia do que veremos, e a natureza pode nos atirar uma bola curva. No entanto, o EHT está agora em funcionamento, pelo que, ao longo dos próximos anos, trabalharemos para fazer uma imagem para ver como realmente se parece um buraco negro”, garante.
Não há ainda uma data para a publicação dos resultados. Segundo Doeleman, precisamente porque a equipe trabalha com cuidado, mas é provável que a Terra veja o seu primeiro buraco negro em 2018.
Ciberia // HypeScience / ZAP