O Diário Oficial da União de hoje (24) traz a exoneração de Tadeu Filippelli do cargo de assessor especial do Gabinete Pessoal do presidente Michel Temer. Investigado por fraudes nas licitações das obras de reconstrução do Estádio Nacional Mané Garrincha, o ex-vice-governador do Distrito Federal (DF) foi preso ontem (23) pela Polícia Federal na Operação Paratenaico.
Na noite de ontem, um outro assessor direto de Temer, Sandro Mabel, também pediu para deixar o cargo. O pedido já foi aceito pelo presidente.
Com a saída de Mabel e de Filippelli, chega a quatro o número de assessores presidenciais que deixaram o posto, desde o final do ano passado. Além deles, José Yunes e Rodrigo Rocha Loures deixaram o Palácio do Planalto.
Em carta enviada a Temer, Mabel diz que deixa o cargo por motivos familiares e de negócios, conforme planos já informados ao presidente em dezembro do ano passado.
“No início de dezembro passado expliquei que precisava voltar pra casa como havia prometido à minha mulher e aos meus filhos, mas atendi a seu pedido para que ficasse mais 120 dias. Novamente em fevereiro lhe reafirmei a minha necessidade de realmente retornar à minha casa e reassumir meus negócios“, diz Mabel.
Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) em Goiás requisitou à Polícia Federal (PF) a instauração de inquérito contra Sandro Mabel, para apurar supostos ilícitos ocorridos em 2010, envolvendo ex-executivos da construtora Odebrecht.
Conforme investigação no âmbito da Operação Lava Jato, ex-executivos da construtora relataram pagamentos feitos, supostamente para doação de campanha, a Mabel, que à época concorria a uma vaga de deputado federal.
Ainda segundo o MPF, o valor teria sido de R$ 100 mil, pagos por meio de recursos não contabilizados, mas registrados no sistema informatizado da construtora que registrava pagamentos ilegais. Os ex-executivos da Odebrecht informaram ainda que Mabel teria recebido mais R$ 140 mil naquele mesmo ano.
Contatado pela Agência Brasil, Sandro Mabel disse que, de fato, os executivos da empresa haviam lhe oferecido dinheiro para ajuda de campanha, mas que ele não o aceitou ao saber que “era dinheiro por fora”.
“Se o dinheiro saiu, foi para outra pessoa. Não tenho a menor preocupação quanto a isso”, disse ele ao negar que a denúncia tenha qualquer relação com seu pedido para deixar o cargo.
Mané Garrincha
Tadeu Filippelli é investigado pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro e ainda de associação criminosa. De acordo com a investigação, ele é suspeito de ter sido beneficiado com o superfaturamento das obras do estádio.
Segundo o juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Vallisney de Souza Oliveira, que autorizou a prisão, o assessor fez diversos pedidos de propina para a Andrade Gutierrez.
Tendo por base informações obtidas na PF, o juiz diz que a reforma do estádio causou um prejuízo de R$ 1,3 bilhão à Terracap, empresa pública do Governo do Distrito Federal (GDF), cujo capital é formado da seguinte forma: 51% do GDF e 49% da União.
Vallisney de Souza disse também que a licitação foi executada e concluída sem que os órgãos competentes tivessem realizado ao menos um estudo de viabilidade econômica.
O próprio Tribunal de Contas do Distrito Federal e Territórios (TCDFT) já havia constatado um superfaturamento de cerca de R$ 900 milhões, em valores atualizados.
A reconstrução do Mané Garrincha foi estimada inicialmente em R$ 690 milhões, mas acabou custando cerca de R$ 1,5 bilhão, o que fez com que o estádio se tornasse o mais caro entre os 12 que receberam os jogos da Copa do Mundo de 2014.
Além de Filippelli, foram presos ontem, na mesma operação da PF, os ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda. Eles estão carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde ficarão detidos por cinco dias – prazo da prisão temporária que pode ser renovado por mais cinco.
Ciberia // Agência Brasil