A região das Américas corre um alto risco de surtos de doenças que podem ser evitadas, por conta da falta de vacinação de rotina, que se tornou menos frequente com a pandemia. O alerta foi feito nesta quarta-feira (10) pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O continente americano tornou-se um líder global no controle de patologias como a varíola, poliomielite, rubéola, sarampo e tétano, graças ao Programa Ampliado de Imunização da organização, criado em 1977. Com a chegada da epidemia de Covid-19, entretanto, foram constatadas “reduções significativas” nas taxas de imunização, de acordo com a Opas.
Dois anos depois do início da pandemia e com o avanço das campanhas de vacinação, o relaxamento ou a interrupção das medidas de saúde pública para conter a disseminação da Covid-19, “resultarão previsivelmente” em um aumento de muitas dessas doenças, de acordo com especialistas da organização.
“Sem melhorar nosso programa de vacinação de rotina, a região corre um risco alto de ter novos surtos de doenças que podem ser evitadas”, advertiu Carissa Etienne, diretora da organização. “A região enfrenta uma crise iminente da vacinação de rotina.” Doenças praticamente extintas em algumas regiões que, sem uma taxa mínima de imunização coletiva, podem voltar a circular. Esse foi o caso em países europeus em 2018, como a França, que enfrentou uma onda de casos de sarampo.
A representanrte da Opas reconheceu que a Covid-19 exerce uma pressão adicional sobre os sistemas de saúde, mas pediu aos países da região que retomem os programas nacionais de imunização, para evitar um retrocesso nas conquistas obtidas.
Pandemia não chegou ao fim
A Opas também ressaltou que a pandemia de Covid-19 não chegou ao fim. Na última semana, foram registrados picos de casos em áreas da Colômbia e da Bolívia, após o relaxamento das medidas de prevenção.
As infecções também aumentaram na República Dominicana, em Trinidad e Tobago e em Barbados, bem como nas Ilhas Cayman e em Dominica. “O momento atual ainda é preocupante. As infecções aumentam em alguns países, e a taxa de vacinação ainda não é a que gostaríamos”, observou Etienne.
Embora 48% das pessoas na América Latina e no Caribe já tenham sido totalmente imunizadas contra a Covid, a cobertura ainda é muito menor em alguns países. Na Jamaica, São Vicente e Granadinas e Guatemala, menos de uma em cada cinco pessoas foi imunizada. Na Nicarágua a cobertura permanece na casa de um dígito, e no Haiti menos de 1% das pessoas completou o esquema de vacinação, alertou a organização.
// RFI