Um estudo recente mostra que o fungo que está causando o “apocalipse” que dizima anfíbios em todo o mundo é uma variação agressiva que teria surgido na península da Coreia no início do século XX.
Até agora, não se sabia quando e onde tinha surgido o fungo que tem causado a morte em massa de várias espécies de anfíbios, nem qual seria a sua estirpe mais agressiva. Um estudo recente desvenda que a variação mais agressiva teria surgido no Sudeste Asiático, no início do século XX.
O fungo quitrídio (Batrachochytrium dendrobatidis) provoca uma doença chamada quitridiomicose, que afeta a capacidade de os anfíbios regularem a água, podendo levá-los à insuficiência cardíaca. Esse fungo causou, pela primeira vez em 2009, na Serra da Estrela (Portugal), um episódio de mortalidade em massa, que afetou sobretudo o sapo-parteiro.
Para identificar a origem do quitrídio, os cientistas sequenciaram 177 genomas de amostras do fungo recolhidas em várias regiões do mundo. Posteriormente, juntaram a outros dados de estudos já publicados, tendo sido consideradas, ao todo, 234 amostras.
De acordo com o estudo, que é capa da revista Science desta semana, foram identificadas quatro estirpes e verificou-se que três delas se distribuem por todo o mundo. No entanto, uma delas – a mais agressiva – existe apenas na península coreana: BdASIA-1.
“Uma análise dos genomas B. dendrobatidis da Coreia revela que não há registro de surtos globais por esta variação, o que sugere que estirpes do quitrídio da Coreia são nativas da região e que são muito parecidas com o antepassado de todos os B. dendrobatidis modernos”, informa um comunicado do Imperial College, citado pelo Público.
Desta forma, estima-se que esta família de fungos tenha divergido de seu antepassado comum mais recente no início do século XX. “Em vez de remontar a milhares de anos, como se pensava anteriormente, estimamos agora com maior firmeza que a expansão tenha ocorrido entre 50 e 120 anos atrás”, refere Matthew Fisher, autor do artigo.
As datas coincidem com o aumento das atividades humanas na região, assim como com uma rápida expansão do comércio internacional. Ou seja, os cientistas acreditam que o fundo foi de carona nas atividades humanas e nos transportes.
Além disso, destacam os especialistas, a movimentação dos anfíbios para comércio de animais de estimação, alimentação ou para fins médicos, pode ter contribuído para a disseminação deste fungo.
“Nossa pesquisa aponta não só para o leste da Ásia como a estaca zero, como também sugere que descobrimos apenas a ponta do iceberg da diversidade de quitrídios na Ásia”, conclui Matthew Fisher.
Ciberia // ZAP