Em 1998, um grupo de cientistas do Serviço Florestal dos EUA entrou na Floresta Nacional de Malheur para investigar a morte de várias árvores abeto, o famoso “pinheirinho de Natal”, que cresce no Hemisfério Norte. O parque fica na região leste do estado do Oregon, nas Montanhas Azuis (EUA).
A área afetada foi identificada com a ajuda de fotografias aéreas. 112 amostras de raízes de árvores mortas (ou prestes a morrer) foram recolhidas e a análise mostrou que 108 estavam infectadas com o fungo Armillaria solidipes.
Este fungo cobre 9,6 km2, chegando a ter cerca de 3 quilômetros de extensão no maior ponto. Com base nos cálculos dos cientistas, o organismo está ali há 2,5 mil anos, mas alguns especialistas acreditam que possa estar no local há 8 mil anos.
O fungo gigante se espalha pelo sistema de raízes das árvores, matando-as lentamente. Por isso, não é apenas o maior organismo do mundo, mas também o mais mortal.
Durante algumas semanas em cada outono, o fungo aparece em aglomerados amarelados com frutificação e esporos, mas durante o resto do ano o micélio vegetativo fica escondido em uma camada fina branca por baixo da terra. E é exatamente quando está escondido que fica mais mortal.
As árvores costumam se beneficiar da presença de fungos nas raízes, já que eles ajudam na movimentação de nutrientes no solo. Este tipo específico de fungo, porém, causa o apodrecimento das raízes, matando a árvore lentamente durante décadas.
A árvore tenta lutar contra o fungo ao produzir uma seiva preta que escorre pela casca, mas é uma batalha perdida.
“As pessoas normalmente não pensam que os cogumelos matam árvores. O fungo cresce em volta da base da árvore e mata todos os tecidos. Pode levar 20, 30, 50 anos até a árvore morrer. Não há movimentação de água ou nutrientes quando isso acontece”, explica um dos cientistas do Serviço Florestal, Greg Filip, ao Oregon Public Broadcasting.
O fungo foi identificado pela primeira vez em 1988, e inicialmente acreditava-se que se tratava de vários organismos diferentes, mas experiências mostraram que era um só.
Quando o micélio de fungos geneticamente idênticos se encontra, se une e forma um indivíduo. Quando os genes dos fungos são diferentes, eles se rejeitam. Assim, os cientistas colocaram na mesma placa de Petri diferentes amostras recolhidas de diferentes pontos. O resultado foi que 61 deles tinham os mesmos genes.
Se todos esses cogumelos fossem reunidos e empilhados, pesariam até 31 toneladas. “Nunca vimos nada que sugira que qualquer outra coisa no mundo é maior em superfície”, diz Filip.
Esse cogumelo pode ser encontrado em outras partes dos EUA e na Europa, mas nenhum é tão grande como o encontrado no Oregon. “Quando se percebe que esse fungo se espalha entre 12 a 36 centímetros por ano e que temos uma coisa tão grande assim, é possível calcular a sua idade”, explica o cientista.
O fungo tem preocupado os lenhadores e as madeireiras da região, que tentam encontrar uma forma de impedir seu crescimento.
Já tentaram cortar árvores, cavar as raízes das plantas afetadas e em algumas áreas tentaram remover até a última fibra do fungo que encontraram. Este último método produziu o melhor resultado, já que mais pinheiros sobreviveram depois de serem plantados no solo tratado. Mesmo assim, a técnica é cara e trabalhosa, e nunca seria suficiente para eliminar o fungo todo da região.
Outra possível solução é encontrar uma espécie de pinheiro que sobreviva ao fungo e passar a plantar este tipo de árvore na região afetada.
Cientistas de Washington, estado vizinho ao norte do Oregon, pesquisam agora as árvores que são menos afetadas pelo fungo. “Estamos à procura de uma árvore que possa crescer em presença. Não devemos plantar a mesma espécie onde há infestação da doença”, diz Dan Omdal, do Departamento de Recursos Naturais de Washington.
No entanto, é provável que a atividade humana não influencie muito no crescimento do fungo, que vai continuar existindo por baixo das florestas dos Estados Unidos e Europa por outros milhares de anos.
Ciberia // HypeScience / BBC / ZAP