O acidente nuclear na usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, foi uma das maiores tragédias da história da humanidade envolvendo radiação.
As consequências desse evento ainda são conhecidas totalmente pela humanidade; entretanto, um estudo feito com famílias de sobreviventes do acidente nuclear buscou compreender como o acidente pode ter afetado os filhos que viriam depois de Chernobyl.
Os efeitos da radiação em crianças que eram gestadas durante o acidente são conhecidas; malformações, cânceres e outros problemas de saúde oriundos da exposição aos raios de urânio emitidos pela emergência nuclear foram comuns nessa geração. O novo estudo, comandado pela professora Meredith Yeager, do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI) e publicado na revista Science aborda as gestações pós-Chernobyl.
O artigo publicado no periódico de divulgação científica aborda um medo comum que ocorre após tragédias nucleares: após as bombas nucleares de Hiroshima e Nagasaki em 1945, o acidente na usina de Fukushima em 2011 e Chernobyl, famílias apresentaram um medo de gerar filhos por conta de mutações causadas pela radiação.
A pesquisa decidiu analisar um grupo de 200 famílias entre os mais de 600 mil trabalhadores soviéticos que trabalharam como “liquidantes”, responsáveis por conter as vias de contaminação do urânio envolvido no acidente. Além disso, os moradores de Pripyat e outras comunidades no raio de 70 quilômetros do reator 4 da usina de Chernobyl também participaram do estudo.
Milhares de famílias foram evacuadas de Pripryat e passaram a morar em Kiev, capital ucraniana. Mais de 30 mil mulheres recebem pensão do governo da Ucrânia por terem perdido seus maridos após consequências do desastre
“Nós olhamos os genomas das mães e pais e depois da criança. E passamos mais nove meses procurando por qualquer sinal no número dessas mutações que estava associado à exposição dos pais à radiação. Não encontramos nada”, afirmou Stephen Chanock, também do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, à BBC.
Resumidamente, as mutações genéticas encontradas em crianças que nasceram de sobreviventes de Chernobyl não são diferentes da encontrada no resto da população. Os cientistas acreditam que o estudo pode tranquilizar famílias que tenham dúvida na decisão de gerar filhos após acidentes nucleares.
Entre as crianças que estavam sendo gestadas no momento da exposição à radiação, o câncer de tireoide foi dado como a consequência mais comum do evento. Cientistas avaliam que hoje, apenas 5% dos trabalhadores soviéticos que trabalharam como liquidantes estejam saudáveis. Muitos deles apresentam câncer e doenças cardiovasculares.
Uma outra pesquisa realizada pela Universidade de São Francisco nos EUA mostrou que pessoas afetadas pela radiação emitida durante o acidente tem uma propensão maior a desenvolver leucemia em comparação à população em geral. Milhões de pessoas foram afetadas pela radiação na Ucrânia, em Belarus e regiões da Europa Central. Entretanto, as consequências precisas do acidente de Chernobyl nunca serão conhecidas.
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