Estudo revela por que o ateísmo “apavora” tanta gente

Quando pensam no ateísmo, uma das primeiras reações que as pessoas têm é sobre a morte (ou sobre o medo de ir para o inferno). Um novo estudo realizado por Corey Cook, psicólogo social da Universidade de Washington, nos EUA, lança alguma luz sobre esse fenômeno.

O estudo de Cook estabelece uma hipótese que ele chama de “teoria da gestão do terror”.

A ideia é que a consciência da morte pode deixar as pessoas aterrorizadas, mas esses medos são atenuados pelo sentido cultural de que cada um de nós é uma parte significativa do universo. O anti-ateísmo, logo, parte da “ameaça existencial representada por crenças de visão de mundo conflitantes”.

“O que descobrimos [no estudo] é que, quando os participantes pensavam sobre o ateísmo, isso realmente ativava a preocupação com a morte na mesma medida em que pensar sobre a própria morte”, disse Cook.

A pesquisa focou no lado inconsciente de considerar a morte. Os pesquisadores realizaram dois experimentos diferentes conduzidos com estudantes no College of Staten Island, escolhido em parte devido à composição diversa de sua população estudantil.

Na primeira experiência, composta por 236 alunos (172 mulheres e 64 homens, a maioria cristãos), os participantes foram convidados a escrever “o que eles achavam que iria acontecer fisicamente quando morressem” e, depois, a descrever as emoções que o pensamento de sua própria morte despertava neles.

Em seguida, também responderam quais eram seus sentimentos sobre ateus, incluindo uma classificação sobre sua confiabilidade.

O segundo experimento pediu que 174 alunos descrevessem as emoções que sentiam em relação à sua própria morte ou “anote, o mais especificamente possível, o que o ateísmo significa para você”.

Depois, os alunos completaram um conjunto de fragmentos de palavras, que poderiam ser preenchidas com palavras neutras (por exemplo, “skill” que significa “habilidade”) ou como palavras relacionadas com a morte (“skull” que significa “crânio”).

Ateísmo e vida após a morte

As experiências de Cook eram mais específicas do que apenas falar sobre a morte. De acordo com a teoria da gestão do terror, pensar nisso faz as pessoas começarem a se preocupar com quem apoia ou não sua visão de mundo, se tornando contra os que acreditam de forma diferente.

Isso é inconsciente: você não percebe que tal coisa importa mais do que fazia alguns minutos atrás.

Curiosamente, os ateus no estudo não estavam imunes a isso. Eles também têm que enfrentar a ideia sobre o que vai acontecer com eles – logo, o ateísmo aumenta os pensamentos de morte mesmo para ateus.

Conforme o estudo de Cook destaca, ainda há muita atitude defensiva em torno da noção secular de que a morte é o fim. Muitas pessoas desejam uma vida após a morte, daí a repulsa ao ateísmo.

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …