Imagine-se deitado no sofá de casa e o seu ídolo na sua frente, cantando e dançando só para você. Ou quem sabe no seu parque predileto, na praia deserta ou na festa entre amigos. A tecnologia já nos presenteia com esses ‘truques’, apesar da projeção ser virtual, em forma de holograma, e o calor humano sentido apenas pelo embalar da performance.
A cantora e compositora brasileira Laura Rizzotto é a primeira artista no mundo a lançar uma música através de uma performance volumétrica em realidade aumentada. A empresa Metastage, com sede na Califórnia, desenvolveu um aplicativo que, instalado no celular, pode levar a Laura para cantar onde o usuário quiser.
“Eu topei de primeira, porque quando vi o projeto pensei: nossa isso vai mudar toda a indústria de entretenimento, só de você poder ver algo tão realista, tão próximo. É também uma outra maneira de o artista se conectar com seus fãs e de você compartilhar uma experiência, porque depois da experiência virtual a performance vira o que você quiser. O legal é que a gente fez história com esse lançamento, que é a primeira música nova a ser lançada com uma performance volumétrica, esse holograma em realidade aumentada”, diz Laura.
Pelo aplicativo Metastage é possível assistir a dois clipes da cantora. O primeiro é com a música que está sendo lançada agora, “One More Night” (Uma Noite Mais). O segundo clipe é de seu maior sucesso até hoje, a canção “Funny Girl” (Garota Engraçada), com a qual a brasileira participou do Eurovisão, maior festival de música do mundo, representando a Letônia, país de sua ascendência paterna. Apesar de estar acostumada com os palcos, que frequenta há pelo menos 10 anos, a cantora de 25 anos teve que encarar mais de uma centena de câmeras em 360 graus para se transformar em holograma.
“É outro mundo, porque quando eu estou fazendo performance para um videoclipe, estou olhando para uma câmera e tem um foco. Para essa nova experiência foram 106 câmeras em volta de mim, em todos os ângulos possíveis. Você tem que estar no personagem o tempo inteiro e tem que ser gravado em um take só, sem cortes, não pode ter nenhum erro, além de estar sincronizado com a voz”.
Laura conta que teve dias que trabalhou 16 horas. Tanto na parte técnica quando criativa, ela tem o apoio da irmã, Carolina Rizzotto, que trabalha com realidade virtual e aumentada e é uma das produtoras do aplicativo.
“Eu não diria que está no início dessa tecnologia, porque a realidade aumentada e virtual é algo que está sendo discutida há muitos anos. Mas há muito para melhorar nessa tecnologia. Há certas limitações que podem ser melhoradas, isso nas várias empresas da área do mundo inteiro, e é esse o desafio. Quando você trabalha com uma tecnologia tão nova, tem que justamente puxar e empurrar os limites e ir além do que já foi oferecido até agora”, comenta a produtora.
Carolina, que é também produtora de conteúdo, registrou em vídeo o longo processo por detrás das câmeras e o passo a passo de como usar o aplicativo. As irmãs Rizzotto contam que os fãs já começaram a enviar a releitura dessa experiência e mandam vídeos criativos mostrando como a arte se transforma na mão do espectador.
“Teve um pessoal aqui em Los Angeles que fez vários vídeos engraçados. Na cozinha, pegaram bomba de encher pneu de bicicleta e me fizeram crescer. Também me colocaram para dançar na catedral de Milão, outros agora estão aprendendo a coreografia, já que dá pra me ver dançando em vários ângulos. O pessoal está ficando criativo”, conta Laura.
Laura Rizzoto é carioca, de Ipanema, canta desde criança, mas começou a se apresentar profissionalmente aos 15 anos já com canções próprias, na noite do Rio de Janeiro. Aos 16, assinou o primeiro contrato para gravação de CD autoral com a Universal Music do Brasil. Mora há oito anos nos Estados Unidos onde fez faculdade e mestrado em Música, na Universidade de Columbia. Agora, tenta a carreira em Hollywood e já tem mais de 100 canções originais publicadas, a maioria em inglês.
“Toda carreira tem suas dificuldade e eu sempre soube que teriam obstáculos, vejo isso como parte natural do processo, não como um problema. Também acho que estar aqui mudou muita coisa para mim porque eu estou rodeada de gente criativa, que quer fazer o que eu também quero o tempo inteiro, com visões de mundo diferentes. Los Angeles realmente é o coração da indústria de entretenimento, o pessoal vem do mundo inteiro para poder estar aqui, pra criar. Você estar rodeado dessa energia é maravilhoso. É muito ralação, é! Mas eu não vim aqui para estar de férias”, finaliza Laura.
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