Em uma operação secreta, o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, chegou à Argentina de onde vai comandar a campanha do seu partido para as próximas eleições. Depois de passar quase um mês no México, Evo Morales recebeu o status de refugiado na Argentina, o que lhe permite uma maior proteção.
A atual Argentina do presidente Alberto Fernández é hoje um reduto da esquerda regional e a presença de Evo Morales pode distanciar ainda mais os governos argentino e brasileiro. Para evitar problemas para o país na relação com as nações vizinhas, o governo argentino pediu que Evo Morales não faça declarações políticas públicas, mas não existe nenhuma lei que o proíba de romper com essa promessa.
Na Argentina, Evo Morales poderá organizar a campanha do seu partido, o Movimento Ao Socialismo, para as próximas eleições na Bolívia, ainda sem data, mas que devem acontecer em março ou em abril.
Mesmo com o seu líder fora da Bolívia, o partido de Evo Morales o escolheu como chefe de campanha para as próximas eleições. Será ele quem vai escolher o candidato do partido e traçar a estratégia eleitoral. Evo Morales não está habilitado para concorrer, mas vai tentar, indiretamente, recuperar o poder através do seu candidato.
O próprio chanceler argentino, Felipe Solá, destacou que a proximidade geográfica da Argentina com a Bolívia foi decisiva para a vinda de Morales. O ex-presidente vai poder andar livremente pelo país e reunir-se com quem quiser.
Mas o governo argentino colocou como condição para ele ficar no país como refugiado que o mesmo não faça declarações políticas. Não existe nenhuma lei argentina que o proíba. É apenas um compromisso político.
Assim que chegou à Argentina, Evo Morales publicou nas redes sociais que “vai continuar lutando pelos mais humildes”. Sua impacta no governo brasileiro. Uma das razões que o chanceler argentino, Felipe Solá, deu para pedir que Evo Morales não faça declarações públicas é que isso poderia gerar algum problema para a Argentina.
Impacto no governo brasileiro
Felipe Solá não citou o Brasil, mas é claro que, na vizinhança, o governo que pode ficar mais irritado com a ajuda argentina a Evo Morales, é o brasileiro.O Brasil foi o primeiro país da região em reconhecer o novo governo boliviano. O presidente Jair Bolsonaro quer ajudar a Bolívia a evitar que a esquerda recupere o poder.
E a vinda de Evo Morales para o país acontece apenas horas depois de o presidente Jair Bolsonaro ter dito que estava à disposição para receber uma visita de Alberto Fernández, num gesto de aproximação depois de semanas de tensão.
O que mais irrita Bolsonaro é o apoio de Alberto Fernández a Lula. Mas agora aparece também Evo Morales e, neste momento, quem também está na Argentina de visita é o ex-presidente equatoriano Rafael Correa.
// RFI