O exoplaneta, localizado a 4,2 anos-luz da Terra, pode ser habitável devido à grande quantidade de água líquida na superfície.
Desde que Proxima Centauri b foi descoberto em 2016, os cientistas tentam entender se é capaz de sustentar a vida. Agora, através da modelagem computacional usada para estudar as mudanças climáticas, cientistas descobriram que o exoplaneta pode sim ser habitável.
“A principal mensagem que podemos retirar das nossas simulações é que há uma boa possibilidade de o planeta ser habitável”, afirmou Anthony Del Genio, cientista planetário do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, à Live Science.
Proxima Centauri é uma pequena anã vermelha localizada a 4,2 anos-luz da Terra, sendo assim a estrela mais próxima do Sol. Apesar da proximidade, os cientistas ainda sabem muito pouco sobre o exoplaneta, que orbita a estrela a cada 11 dias. É sabido que o corpo celeste tem uma massa de, pelo menos, 1,3 vez a do nosso planeta.
O exoplaneta orbita na zona habitável da estrela, o que significa que está à distância certa para receber luz estelar suficiente para manter sua superfície acima da temperatura de congelamento da água. Porém, devido à proximidade, está bloqueado por marés gravitacionais, o que faz com que exiba sempre a mesma face para a estrela, algo semelhante ao que acontece entre a Lua e a Terra.
Estudos anteriores, publicados em 2016, apontavam que o lado sempre iluminado do exoplaneta estaria submetido a temperaturas muito altas (fazendo com que a água evaporasse), enquanto que o lado escuro seria extremamente frio (fazendo com que congelasse).
Portanto, apenas uma área muito limitada do planeta poderia ter água líquida, um cenário que a equipe de cientistas chamava de “globo ocular da Terra”.
Mas as novas simulações efetuadas no estudo, publicado no início de setembro na revista científica Astrobiology, foram muito mais esclarecedoras e incluem já um oceano dinâmico e circulante, capaz de transferir o calor de um lado do exoplaneta para o outro de forma muito eficaz.
Os pesquisadores também descobriram que os movimentos do oceano e da atmosfera combinam de tal forma que, “embora o lado da noite nunca veja a luz estelar, há uma faixa de água líquida que permanece em redor da zona equatorial”, diz Del Genio ao mesmo site.
O cientista compara a circulação de calor aos climas costeiros como, por exemplo, a costa leste dos EUA, que é mais quente do que deveria, porque a corrente do golfo transporta água quente dos trópicos. Na Califórnia, pelo contrário, as correntes oceânicas trazem água fria do norte, fazendo com que a costa oeste seja mais fria do que seria sem essa situação.
Os pesquisadores conduziram um total de 18 simulações diferentes, sendo que, em quase todos os modelos, o Próxima Centauri b acabou por ter um oceano aberto, que persistiu em pelo menos alguma parte da superfície.
“Quanto maior a fração do planeta com água líquida, maior a probabilidade de haver vida lá e assim podemos encontrar evidências dessa vida com futuros telescópios”, explicou.
Em fevereiro de 2017, porém, outro estudo da NASA sugeria que o exoplaneta poderia não ser capaz de suportar vida devido às erupções estelares da anã vermelha.