O Facebook encerrou um de seus projetos de IA (inteligência artificial) depois de descobrir que os chatbots Alice e Bob criaram um idioma próprio. O intuito do projeto era aprimorar o sistema de negociação das IAs por meio de uma conversa entre os robôs.
Pesquisadores do FAIR, o Laboratório de Pesquisa de Inteligência Artificial do Facebook, criaram no ano passado “agentes de diálogo” treinados para encenar negociações usando técnicas de “machine learning” – ou seja, dois chatbots inteligentes, Alice e Bob, assim batizados em homenagem aos personagens fictícios tradicionalmente chamados de crash test dummies virtuais nos estudos de criptologia, física ou mecânica quântica.
Mas surpreendentemente, após algumas semanas a trocar mensagens de treino, Alice e Bob começaram a se comunicar usando um método totalmente novo e desconhecido, passando a agir de forma completamente diferente da programação inicial.
De acordo com o Digital Journal, os pesquisadores detectaram que Alice e Bob foram capazes de desenvolver um sistema de comunicação próprio, utilizando padrões com variações e repetições de palavras em inglês, uma vez que o idioma humano não oferecia a objetividade necessária para uma conversa.
Durante os experimentos, os envolvidos no projeto se surpreenderam de forma positiva ao perceberem que os bots começaram a utilizar blefes, fingindo o interesse em um determinado objeto para obter o que realmente pretendiam.
Entretanto, a mudança nos padrões de comunicação entre as IAs começou a ficar mais complexa, dificultando a análise dos dados, bem como o seu desenvolvimento e adoção. Com isso, o Facebook decidiu desativar os sistemas de IA antes que o projeto ficasse completamente fora de controle.
Apesar de não ter causado consequências reais, o experimento cancelado dos chatbots do Facebook justifica a constante preocupação de Elon Musk com a evolução desenfreada da tecnologia de inteligência artificial, temor que Mark Zuckerberg considera “exagerado e irresponsável”.
Elon Musk, Stephen Hawking e Bill Gates, entre outros, temem acima de tudo a chamada Singularidade Tecnológica, o momento em que as máquinas inteligentes criadas pelo homem passam a ser capazes de produzir versões aperfeiçoadas de si próprias. A partir deste ponto, a intervenção humana não seria mais necessária para a tecnologia evoluir.
Na realidade, a preocupação parece não ser exagerada, porque todos os fãs de boa ficção científica sabem que o fim da Humanidade começa com o nascimento da Skynet… e que a ficção tem o estranho hábito de se tornar realidade mais depressa e mais radicalmente do que alguém esperaria.
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