O Facebook tem um papel ainda mais importante do que a imprensa na luta contra a corrupção dos governos nos países em que não há liberdade de imprensa. A conclusão é de um estudo realizado por economistas da Universidade Virginia Tech, nos EUA.
A pesquisa, publicada no Information Economics and Policy, debruçou-se sobre informações relativas a mais de 150 países, do menos corrupto do mundo, a Dinamarca, até ao mais corrupto, a Somália, avaliando variáveis como a economia, o nível de democracia e fatores culturais em comparação com a abrangência do Facebook em cada nação.
As conclusões indicam que “quanto mais o Facebook penetra o uso público, maior é a probabilidade de uma reunião de protesto por corrupção governamental”, aponta a Virginia Tech em um comunicado sobre o estudo.
Os pesquisadores destacam que o Facebook e outras redes sociais têm um papel semelhante à imprensa escrita nos países livres, como “vigilantes” do interesse público, e que têm ainda mais impacto naqueles onde vigoram regimes opressivos.
A maior parte dos conteúdos anti-corrupção publicados no Facebook são criados por usuários e compartilhados individualmente, aumentando assim, sucessivamente a audiência potencial a cada compartilhamento, afiançam os autores da pesquisa.
O Facebook revela-se, deste modo, como uma forma de comunicação muito mais global e com maior capacidade de chegar a um amplo número de pessoas, relativamente aos meios de comunicação tradicionais como os jornais e a televisão.
Além disso, a disseminação da informação por uma rede que teria cerca de dois bilhões de usuários, em todo o planeta, dificulta a censura das ditaduras.
“O papel das redes sociais e da Internet em dar notícias imparciais e independentes, em vários países como China, Rússia e Malásia, tem sido amplamente reconhecido por acadêmicos”, destaca um dos autores do estudo, Sudipta Sarangi, citado no site da Virginia Tech.
“As redes sociais facultam meios baratos e rápidos de compartilhar informação e de alcançar uma audiência maior para organizar protestos públicos contra actividades corruptas de autoridades do governo e políticos”, acrescenta o pesquisador, concluindo que “por isso, não é uma surpresa que governos ditatoriais favoreçam o controle das redes sociais”.
// ZAP