Assinala-se este domingo, 12 de Fevereiro, o Dia da Mão Vermelha, contra o uso de crianças soldado. Este é um dia dedicado aos milhares de meninos e meninas alistados em grupos armados em todo mundo.
Estima-se que cerca de 300.000 crianças participem em conflitos em todo o mundo. Em entrevista à RFI, o responsável pela protecção infantil no Sudão do Sul para a Unicef, Brendan Ross, alertou para a violação dos direitos desses jovens.
“No Sudão do Sul, o número de crianças soldados diminuiu nos últimos cinco anos. De acordo com as nossas estimativas, existem menos de 100 crianças ainda estão inscritas nas forças armadas e grupos armados. Mas o problema no Sudão, como em muitos outros países, é a grande pobreza provocada por décadas de guerras civis. Há muitos jovens que pegaram em armas, que foram alistados em gangues e que estão envolvidos em vários conflitos como roubo de gado ou violência em comunidades. Este é um dos maiores problemas no Sudão”, descreve o responsável.
“Como em muitos conflitos, os jovens não têm muitas oportunidades, lutam para ter acesso à educação e não têm alternativas porque não foram à escola o tempo suficiente. Na maior parte das vezes não há trabalho. Pegar numa arma e lutar para defender a sua comunidade ou a sua aldeia, ou ganhar algum dinheiro lutando para um político, é o que eles pensam ser a melhor oportunidade para eles”, prossegue.
Recrutadas por forças armadas de governos ou por grupos rebeldes, estas crianças-soldados podem servir como combatentes, cozinheiros, mensageiros e até escravos sexuais. “Muitos deles sofreram muitos traumas. Perderam o rumo, perderam os pais”, explica Brendan Ross.
“Nalguns casos eles lutam na linha de frente, noutros são usados como espiões. Às vezes, têm que cumprir outras funções, como cozinheiro. Existem muitas tarefas diferentes que as crianças são forçadas a fazer. Mas as crianças não têm lugar nas forças armadas! As crianças precisam que seu direito à educação, o seu direito a ter uma infância, a brincar, seja garantido. Portanto, este dia internacional serve para nos unirmos para reconhecer este facto: toda criança forçada a pegar em armas vê seus direitos violados. É uma violação de sua infância e eles ficarão traumatizados pelo resto das suas vidas. Devemos acabar com esta prática, é para isso que serve este dia”, concluiu.
Não existem estatísticas oficiais, mas entre 2017 e 2022, a UNICEF ajudou mais de 17.000 crianças a reintegrarem-se – jovens que foram raptados. Um número que não inclui todas as crianças que não têm acesso ao programa de ajuda ou que ainda não foram liberadas.
// RFI